Psicóloga dá dicas para evitar recaídas e superar o(a) ex de uma vez por todas

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O mês dos namorados pode não ser tão romântico assim quando você está tentando superar o(a) ex e se reconectar consigo após o término de um relacionamento. Essa nem sempre é uma tarefa fácil, e a vontade de sucumbir à tentação e reatar pode te deixar em apuros.

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À IstoÉ, a psicóloga Fabiola Luciano, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental pela Universidade de São Paulo (USP), dá quatro valiosas dicas para ajudar quem quer resistir à tentação e superar um antigo relacionamento sem salvação. 

É válido ressaltar, entretanto, que as orientações a seguir podem não ser úteis para todas as pessoas, tendo em mente que cada relacionamento é único. Assim, não subestime seu autoconhecimento e sua intuição — e lembre-se que a terapia também pode ser uma grande aliada.

Como evitar recaídas e superar o(a) ex 

1 — Olhe para a relação como ela, de fato, era

A mudança repentina de rotina que geralmente acompanha um rompimento pode fazer com que tudo o que você pense seja sobre o antigo relacionamento — muitas vezes, de uma forma positiva. As boas memórias, o quanto ele(a) te amava ou o que você estaria fazendo agora se ainda estivessem juntos.

“Nós projetamos e nos relacionamos, no auge da saudade, com o que idealizamos da relação. E isso, muitas vezes, não condiz com o que ela era de fato”, explica Fabiola, que observa que o turbilhão de emoções desse momento “pode gerar uma ilusão de ótica, uma percepção seletiva” sobre o relacionamento.

Por isso, é importante se lembrar de como seu relacionamento realmente era — partes boas e ruins. Reflita sobre os caminhos que levaram ao término, e não deixe que o medo e a saudade sejam capazes de mascarar as feridas trazidas por uma união malsucedida.

Para a psicóloga, a dificuldade em cortar laços pode estar relacionada à história que foi vivida como casal, sua própria história de vida e o momento que você vive, a presença de uma carência afetiva ou dependência emocional.

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Ela ainda ressalta ser importante identificar o que está sentindo e dar amplitude à sua perspectiva. Talvez você esteja com medo de iniciar um novo ciclo, não quer se desapegar do que um dia já viveu ou até mesmo se sente culpada pelo que disse ou pela forma como a relação foi findada. Seja o que for, a reflexão é essencial para ter um julgamento claro.

2 — Não tenha medo de estar sozinha

A reflexão sobre por que o relacionamento parece ser tão positivo após um término se estende também à vontade de reatar. É normal que você não tenha incertezas sobre um rompimento, mas é importante entender de onde elas vêm.

Fabiola recomenda que você se pergunte: “Quero voltar porque quero ou porque tenho medo da solidão? Será que quero ter um relacionamento e esse(a) ex é a minha referência, por isso eu estou recorrendo a ele(a)? Será que estou reatando porque esse me parece ser o caminho mais confortável?”. 

Talvez você ainda não consiga desvincular sua própria felicidade de um relacionamento, mas a psicóloga ressalta que se trata de um processo de autoconhecimento e fortalecimento de seu amor próprio.

Ela explica que, em uma relação, é importante que cada indivíduo mantenha a integridade de sua própria essência: “Como eu posso cuidar de mim de uma forma que mantenha o meu relacionamento e ainda assim me mantenha como pessoa?”, questiona. Caso isso não ocorra durante a união, é normal que a sensação de vazio e solidão se intensifique após o término.

“Quando estamos ‘pela metade’, buscamos que o outro preencha vazios em nós ou traga a felicidade que estamos precisando encontrar. Isso é muito perigoso para o relacionamento, porque começamos a depositar nossa expectativa no outro, mas o outro é o que ele é, dá o que ele tem, faz o que ele pode, sendo o indivíduo que ele é”, declara.

3 — Traga seus sonhos de volta para si

Você terá de reaprender a estar sozinha, e isso inclui se reestruturar — emocional e, muitas vezes, financeiramente — e ressignificar os planos e sonhos que você tinha a dois. 

Fabiola aponta que o luto pelo relacionamento findado pode levar tempo para chegar ao fim, mas que ele deve ser vivido. “A tristeza tem uma função terapêutica. Não dá para pensar em terminar ciclos sem passar por essa emoção de tristeza. Para chegar no caminho de maior plenitude, você precisa processar a tristeza que vem”, garante.

Pode parecer que você perdeu seus objetivos de vista, e por isso é necessário resgatar o rumo. Se seu desejo era ter filhos, por exemplo, não deixe de considerar isso como uma opção — afinal, você não precisa de seu(ua) ex, em específico, para realizar esse sonho. O mesmo vale para viagens, compras e qualquer outra meta.  “[É preciso] Tirar [esse sonho] do investimento afetivo que foi feito naquela pessoa e trazer de volta para si”, aconselha a especialista.

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4 — Pondere razão e emoção

Fabiola pontua que, em uma situação como essa, nenhum rompante é positivo — seja tentar excluir a pessoa de suas memórias ou querer reatar desesperadamente. Nesse sentido, encontrar o equilíbrio entre razão e emoção é essencial.

“Em primeiro lugar, avalie a sua vulnerabilidade. Eu não quero voltar racionalmente, mas eu estou vulnerável a uma volta? Porque muitas vezes esse é o dilema do voltar ou não”, explica. Ela aconselha que se questione como se sentiria sobre um possível retorno — se esse é realmente o seu desejo ou se você está com dó, vulnerável ou olhando apenas para a parte boa do passado. 

Sua recomendação é resistir ao ímpeto emocional enquanto acolhe a parte de si que considera um possível retorno, mas também conhecer as razões pelas quais isso não seria razoável. “Se vamos só para a emoção, de repente voltamos para um relacionamento que não queremos. Se vamos só para a razão, fingimos que é tudo prático, objetivo, sem sofrimento. E, às vezes, precisamos de um pouco de pausa antes de seguir.”

Em suma, é importante entender que momentos de reflexão são necessários e você não precisa, de forma alguma, superar um relacionamento em minutos. No entanto, em um ato de respeito a você mesma, considere suas vontades e sua intuição antes de tomar qualquer decisão.