Os Jogos de Tóquio já têm a maioria de suas novas arenas pronta e o Estádio Olímpico da capital japonesa passou de 90% de conclusão em suas obras. Se a preparação segue em ritmo acelerado para o evento que começará em 24 de julho de 2020, o Comitê Organizador vem promovendo uma série de eventos-teste para acertar os trabalhos nos locais de competição.

Muitos brasileiros já participaram, e outros ainda vão disputar torneios no Japão. Recentemente, ocorreu uma competição de vela em Enoshima e os atletas puderam ter uma melhor noção do andamento dos trabalhos. Teve ainda torneios de polo aquático, levantamento de peso, badminton, remo e triatlo, entre outros. E neste sábado começa o Mundial de Judô, que também servirá como experimento para os Jogos.

“É importante testar essas estruturas. No triatlo, observamos o percurso e ajudou a entender como vai funcionar para podermos oferecer um trabalho mais preciso aos nossos atletas. A mesma coisa aconteceu na vela, e lá conseguimos testar toda a estrutura que vamos oferecer aos atletas nos Jogos Olímpicos, e aí pode corrigir desvios, melhorar e aprimorar para dar o melhor apoio”, diz Marco La Porta, vice-presidente do COB e que acompanhou in loco alguns eventos.

Na semana passada, um evento de natação da Copa do Mundo de Paratriatlo foi cancelado porque foram encontrados níveis elevados da bactéria E. coli na água do Parque Marinho de Odaiba. O Comitê Organizador logo avisou que pretende instalar mais placas para filtrar a água na baía de Tóquio e que a intenção era garantir um ambiente seguro para os atletas.

O forte calor no país oriental nessa época do ano é motivo de preocupação para os atletas, principalmente aqueles que não estão acostumados a altas temperaturas. “Alguns times usaram coletes com gelo dentro. Para a gente que está acostumada, não precisa. Levamos gelo no bote, molhamos a testa e colocamos uma toalha no pescoço, que faz bastante diferença. Compramos também uma tenda para colocar ao lado do barco, pois na sombra a temperatura é 5°C menor que no sol. A gente está tentando se adaptar”, explica Kahena Kunze, velejadora brasileira campeã olímpica na classe 49er FX.

Ao lado de Martine Grael, ela acabou de ser campeã do evento-teste de vela. “Está praticamente tudo pronto, eles fizeram um novo prédio do lado para medição e sala de protesto, tem banheiro, ar-condicionado, e tudo funcionando superbem. Fiquei surpresa de um ano antes já estar assim”, afirma.

Ela aponta a questão do lixo como um problema. Os japoneses têm o costume de levar seu lixo embora e depois separam em casa. Mas as pessoas de outros países não têm esse hábito, então acabam colocando em sacos plásticos e deixando do lado do barco. “Com o vento, isso se espalha e deixa tudo sujo. Acho que poderiam colocar mais latões para lixo, com segurança para que não voe. Isso vem sendo um problema bem grande e já alertamos.”

Ney Wilson, gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô, elogia a estrutura da Nippon Budokan. “É o ginásio mais bonito e mais tradicional de todas as modalidades. São as mesmas instalações que foram usadas na Olimpíada de 1964, com uma renovação completa da parte interna do ginásio. É totalmente moderno, com estrutura antiga e tradicional do Japão”, conta.

O dirigente acredita que não haverá qualquer problema em relação à estrutura da competição, pois entende que os japoneses possuem ótima organização e que o judô possui bastante prestígio no país. Ney Wilson também minimiza o efeito do calor em Tóquio e explica que não é nem um pouco diferente do que os atletas estão habituados no Brasil.

“Existe um calor, mas nada além do que é normal. Estamos aqui com uma equipe multidisciplinar para atender essa demanda de hidratação e calcular o que cada um precisa para ter boa performance. O dojo é todo cercado por circuladores de ar e ventiladores, para que possa amenizar esse calor que estamos enfrentando, mas vemos isso de maneira natural.”