Depois de sair dos shoppings, por causa dos conflitos com a Polícia Militar e de decisões judiciais, os rolezinhos – encontros com grande quantidade de jovens da periferia – estão voltando, aos poucos, para os centros de compras. Os eventos são uma “resposta” dos organizadores à Prefeitura de São Paulo, que cortou o Funk SP e o Rolezinho da Cidadania, que consistia em shows feitos em lugares fechados para o mesmo público.

Só neste mês há ao menos três “rolezinhos” marcados nas redes sociais: no Parque Villa-Lobos, nesta terça-feira, 15, com 1,1 mil pessoas confirmadas; no Metrô Itaquera, no sábado, 19, com 720; e no Shopping Tatuapé, no dia 26, com 197 confirmações.

O presidente da Associação Rolezinho – A Voz do Brasil, Darlan Mendes, responsável pelos eventos, diz que há dívidas a serem pagas até com shows oficiais já realizados. “Como a polícia vai bater na molecada da periferia se não dá uma opção? Não adianta proibir sem dar uma solução.” Ele ressalta que o governo do Estado também poderia ajudar nos eventos. “Não vem só gente da capital, mas também de várias cidades da região metropolitana”, diz.

Crise.

A São Paulo Turismo (SPTuris), empresa responsável pelos projetos Funk SP e Rolezinho da Cidadania, diz que os programas foram afetados pela crise econômica. “O problema é que neste ano a arrecadação da Prefeitura teve uma queda considerável e o orçamento foi reduzido drasticamente em relação ao ano passado”, diz o assessor da diretoria de Responsabilidade da SPTuris, André Cintra. “A estrutura que usamos é muito cara, porque esses eventos (informais) não tinham nenhum equipamento. Tem ambulância, banheiro químico, posto médico”, enumera Cintra. Ele afirma que, com a mudança, o número de pancadões na cidade caiu de 700 para cerca de 300.

A Prefeitura informou ainda, em nota oficial, que os investimentos municipais nos últimos eventos, na Cidade Tiradentes e em Interlagos, foram, respectivamente, de R$ 187,3 mil e de R$ 174,1 mil, com média de público de 2 mil pessoas e artistas como Péricles, MC Léo da Baixada, MC Davi e Thulla Melo.

Retomada. A SPTuris ressaltou ainda que realizou sete rolezinhos neste ano. “Em um cenário de crise econômica que atinge o Brasil, com queda na arrecadação fiscal e inevitáveis ajustes orçamentários, o projeto teve de ser temporariamente interrompido. Um aditamento ao contrato, já efetivado, garantirá a retomada da programação ainda em novembro”, diz o governo municipal.

O Estadão solicitou à Secretaria da Segurança Pública (SSP) o número de pancadões e rolezinhos em que atuou neste ano, mas a pasta diz que não faz o levantamento. Procurado, o Shopping Tatuapé afirma que “os jovens constituem um importante público” e a equipe do centro de compras “está habituada a recebê-los e conhece o seu comportamento”. A administração nega que vá pedir o indeferimento de outros rolezinhos na Justiça. “Esse recurso não precisou ser utilizado.”

Já o Shopping Metrô Itaquera afirma que “as equipes de segurança são capacitadas para zelar pela segurança dos clientes.”

PARA LEMBRAR

Uma ‘ameaça’ ao Ibirapuera.

Como o Estado mostrou na quarta-feira, em relatório sobre a segurança do Ibirapuera, o inspetor da Guarda Civil Rubens Aparecido da Silva classificou como “ameaça” ao parque a concentração de minorias e o registro de rolezinhos e sugeriu fechar o local às 22h. Ele acabou transferido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.