Os ministros da Economia da Eurozona se reúnem em Bruxelas para buscar um acordo que permita liberar uma nova parcela da ajuda financeira à Grécia e discutir sobre a sustentabilidade da gigantesca dívida do país.

Ao chegar à reunião extraordinária, o presidente do Eurogrupo e ministro da Economia holandês, Jeroen Dijsselbloem, afirmou que esperava chegar a uma decisão sobre a dívida “em 24 de maio”.

“Tem que ser antes do verão (europeu). Hoje vamos ter uma primeira discussão sobre o conteúdo e depois vamos tentar resolver o tema em 24 de maio”, disse.

A dívida da Grécia chega a 180% do PIB, nível considerado insustentável, e um debate para aliviá-la foi uma das vitórias obtidas pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, após meses de críticas negociações que resultaram no acordo sobre o terceiro resgate à Grécia por 86 bilhões de euros no verão passado.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) impõe como condição para participar no resgate uma análise sobre a maneira de aliviar a dívida, algo que tem a oposição da Alemanha, embora o país deseje a participação do organismo internacional na operação de ajuda.

“Os alemães são reticentes a falar sobre a dívida”, reconheceu Dijsselbloem.

Questionado, o ministro da Economia alemão, Wolfgang Schauble, disse que é preciso, em primeiro lugar, analisar a sustentabilidade da dívida.

“Sem essa análise não é possível ver se é preciso aliviar a dívida”, acrescentou.

– Medidas adicionais –

O primeiro-ministro grego estimou em um tuíte que hoje seria “um dia muito importante já que pela primeira vez o tema da dívida está na agenda da reunião do Eurogrupo”.

“O alívio da dívida vai criar um clima totalmente novo para a economia grega. Isso dará oxigênio às finanças do país”, acrescentou.

Para falar sobre a dívida, os credores da Grécia pedem a Atenas que elabore o que chamam de “medidas de contingência”.

Esse pedido, que não estava previsto nos termos do acordo do terceiro resgate, surge por uma divergência entre o FMI e a Comissão Europeia sobre as metas da Grécia em 2018, ano em que o resgate termina.

A Comissão Europeia prevê que neste ano a Grécia alcançará um superávit primário (sem o serviço da dívida) de 3,5%, uma meta que o FMI não acha viável.

Para resolver essa questão, pediram à Grécia medidas adicionais, legisladas e acordadas com os credores, que seriam implementadas se a Grécia descumprir a meta em dois anos.

Atenas, entretanto, propõe ter liberdade para fazer cortes automáticos, caso não alcance a meta, o que Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, considerou como “não muito confiáveis” e até mesmo “não muito desejáveis”, segundo uma carta dirigida aos 19 ministros da Eurozona.

Os credores já descartaram um perdão da dívida e tendem a uma reestruturação, com taxas de juros mais baixas.

– Nova parcela de ajuda –

Em Bruxelas, os ministros devem analisar as reformas impulsionadas por Atenas conforme o acordado no terceiro resgate financeiro, para proceder a um novo desembolso.

O país recebeu até o momento 21,4 bilhão de euros, e deve pagar 2,3 bilhões de euros ao Banco Central Europeu (BCE) em 20 de julho.

Ao final da primeira revisão do programa, Atenas deverá receber pelo menos 5,4 bilhões de euros.

Atenas aprovou no domingo, em meio a protestos e greves, uma reforma do sistema de aposentadorias.

Schauble se mostrou confiante ao chegar à reunião de alcançar uma solução sobre este ponto em maio, e afirmou que deviam estudar as medidas adicionais, caso Atenas não cumpra as metas fiscais em 2018.

Para o ministro da Economia francês, Michel Sapin, a Grécia “cumpriu”. “Fizeram todos os esforços que pedimos e ninguém pode duvidar da sua sinceridade”, disse à AFP.

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