A rede europeia de cooperação policial Europol anunciou, nesta segunda-feira (24), que desmantelou uma rede de traficantes que introduzia milhares de migrantes cubanos na União Europeia (UE) através de um itinerário “excepcionalmente longo”.

Sessenta e dois supostos traficantes foram detidos sob suspeita de facilitar a viagem de 5.000 migrantes de Cuba para a Sérvia, antes de levá-los para a Grécia ou Macedônia do Norte, e de lá para a Espanha e Itália, informou a agência policial europeia.

A rede, que gerou um lucro de 45 milhões de euros (mais de 238 milhões de reais, na cotação atual), usava “uma variedade de itinerários”, segundo a Europol.

Os traficantes encorajavam os cubanos a viajarem para a Sérvia, onde não eram obrigados a entrar com visto. De lá, eles introduziam “grandes grupos de migrantes” cubanos na Grécia e na Macedônia do Norte, disse a agência em um comunicado.

“Eles obrigavam (os migrantes) a andar no escuro sem suprimentos por horas”, acrescentou a agência, com sede em Haia. É uma “rota de contrabando excepcionalmente longa e cara”, disse a mesma fonte.

Uma vez na Grécia, os migrantes tinham a opção de pedir asilo ou seguir viagem para outros países europeus. A maioria ia para a Espanha ou Itália.

“Os criminosos se aproveitavam dos migrantes mais vulneráveis, incluindo menores, e os submetiam a roubos e extorsões”, disse a Europol.

“Em alguns casos, eles enviaram mulheres para outros grupos criminosos para fins de exploração sexual”, acrescentou a agência, que coordenou a operação com a Interpol.

Os membros da rede usavam um “aplicativo de mensagens bem conhecido” para promover seus serviços.

“Por um pagamento de cerca de 9.000 euros (47.751 reais), eles organizavam a viagem, as transferências e forneciam documentos falsos”, detalhou a Europol.

As polícias alemã, grega, sérvia, espanhola e da Macedônia do Norte apreenderam documentos falsos, 18 imóveis, 33 veículos, 144 contas bancárias e quantias significativas de dinheiro.

“A investigação revelou uma complexa infraestrutura criminosa estabelecida em várias cidades da Espanha, Grécia e Sérvia, flexível e capaz de se adaptar às novas circunstâncias para sustentar suas atividades ilícitas”, disse a Europol.

A investigação começou em outubro de 2021, depois que as autoridades desses países perceberam que havia cada vez mais cubanos tentando entrar na UE de forma irregular.

A Europol especificou que a rota mudou com o início da invasão russa da Ucrânia. Antes, os migrantes também viajavam para a Rússia e depois cruzavam a fronteira com a Finlândia.

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