ROMA, 27 MAR (ANSA) – Aliados dos Estados Unidos na Europa tomaram distância das declarações do presidente Joe Biden sobre o mandatário da Rússia, Vladimir Putin, durante sua viagem à Polônia, no último sábado (26).   

Na ocasião, Biden chamou o líder russo de “carniceiro” e “ditador” e ainda acenou para uma possível mudança de regime no Kremlin. “Pelo amor de Deus, esse homem não pode continuar no poder”, disse o presidente dos EUA em Varsóvia.   

As declarações provocaram críticas imediatas de Moscou e reações negativas entre os aliados europeus. O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou neste domingo (27) que não utilizaria a palavra “carniceiro” para definir Putin e alertou para os perigos de uma “escalada” verbal.   

“Se quisermos alcançar isso [cessar-fogo e retirada das tropas russas], não podemos escalar as palavras nem as ações”, disse Macron, que mantém um canal aberto com o Kremlin e já teve longas conversas com Putin desde o início da invasão à Ucrânia.   

Um membro do alto escalão do governo britânico, o secretário de Educação, Nadhim Zahawi, também se distanciou das falas de Biden e declarou que cabe ao povo russo “decidir por quem vai ser governado”. “No entanto, penso que o povo da Rússia está cansado daquilo que acontece na Ucrânia. Sua economia está colapsando, e acredito que os russos decidirão o destino de Putin e seus aliados”, disse.   

Já o alto representante da União Europeia para Política Externa, Josep Borrell, afirmou não ter ouvido “diretamente” o pronunciamento de Biden, mas salientou que o bloco “não busca uma mudança de regime” em Moscou. “Cabe aos cidadãos russos decidir se o querem. Aquilo que queremos é impedir que a agressão continue”, ressaltou.   

Membros do governo dos Estados Unidos também vieram a público para desmentir que Biden queira uma troca de poder na Rússia. “O presidente sublinhou simplesmente que Putin não pode ter o poder de fazer uma guerra ou uma agressão contra a Ucrânia ou qualquer outro. Não temos uma estratégia para uma mudança de regime em Moscou”, garantiu o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, durante visita a Israel.   

Por sua vez, a embaixadora americana na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Julianne Smith, ressaltou que as falas de Biden foram uma “reação humana após aquilo que ele havia visto durante o dia” em Varsóvia, onde o presidente visitou um centro de acolhimento para refugiados ucranianos.   

“Os EUA não têm uma política de mudança de regime na Rússia”, acrescentou. (ANSA).