Europeus buscam convergência em resposta penal ao discurso de ódio

Europeus buscam convergência em resposta penal ao discurso de ódio

Os ministros da Justiça da União Europeia (UE) iniciaram, nesta sexta-feira (4), discussões para dar uma resposta penal conjunta aos crimes e discursos de ódio, principalmente online.

A decisão de classificar esses discursos como crime exige a unanimidade dos 27 membros da UE.

Nenhum fechou completamente a porta, mas o governo alemão indicou que deve consultar seu Parlamento com antecedência e outros países levantaram a necessidade de que a liberdade de expressão não seja ameaçada.

O Tratado sobre o Funcionamento da UE inclui dez “eurocrimes” considerados “particularmente graves”, como o terrorismo, o tráfico de seres humanos, a exploração sexual de mulheres e crianças, o tráfico de armas e o tráfico de drogas.

“É uma escolha política dizer que não podemos mais viver com esse ódio permanente que se espalha e às vezes tem efeitos letais”, disse o ministro da Justiça francês, Eric Dupond-Moretti, que lembrou o assassinato do professor francês Samuel Paty em 2020 pelas mãos de um radical islâmico checheno nos arredores de Paris.

A Comissão Europeia propôs em dezembro incluir na lista de crimes da UE o incitamento ao ódio e delitos motivados por ódio e expressou preocupação com o “aumento repentino” de casos na Europa.

“Vemos que os discursos contra as mulheres, as minorias e toda uma série de pessoas estão se desenvolvendo com muita força”, comentou o comissário europeu para a Justiça, Didier Reynders.

O reconhecimento destes crimes permitiria “harmonizar um certo número de regras em matéria penal”, reforçou.

A Polônia pediu para proceder com cautela com quaisquer mudanças e fazer uma “análise completa das possibilidades existentes” contra o discurso de ódio.

Os ministros também conversaram com representantes do Facebook/Meta e do Google sobre sua cooperação em questões jurídicas.

Um projeto de regulamento europeu sobre provas eletrônicas, bloqueado por quatro anos, obriga as plataformas a designar um representante perante a UE e a responder em dez dias -ou algumas horas em caso de emergência- a um pedido de acesso à prova de uma autoridade judicial.

Dupond-Moretti lamentou a ausência do Twitter na reunião, mas agradeceu a “boa vontade” expressa por representantes do Google e Facebook/Meta.

As plataformas digitais estão na mira de outro projeto de regulamentação europeu sobre serviços digitais (DSA), que deve permitir a proibição de conteúdos ilegais.

Este regulamento também se aplicaria a serviços de mensagens criptografadas, como o Telegram, atualmente sob escrutínio na Alemanha, por mensagens de ódio publicadas por pessoas que se opõem às restrições sanitárias impostas para conter a pandemia de coronavírus.

O ministro da Justiça alemão, Marco Buschmann, pediu ao Telegram que aplique a lei alemã, ameaçando o serviço de mensagens com multa de “vários milhões de euros”.

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