Com a aguardada reabertura de parques e terraços em Madri e das piscinas na Itália, a Europa deu nesta segunda-feira (25) um novo passo para a suspensão do confinamento imposto pela pandemia do novo coronavírus, que deixa mais de 344.000 mortos no mundo e atinge com força a América Latina.

Enquanto a pandemia, que infectou 5,4 milhões de pessoas no planeta, parece sob controle na Europa (174.000 mortos), agora tem seu epicentro na América Latina e no Caribe, com mais de 40.000 mortos (22.000 no Brasil), embora continue castigando os Estados Unidos, que beira as 100.000 mortes.

A partir desta segunda-feira, os madrilenses podem se reunir e voltar aos parques e terraços enquanto os espanhóis de outras regiões menos afetadas podem desfrutar o banho de mar depois de dez semanas de confinamento, um dos mais estritos do mundo.

“Vim ver o amanhecer na lagoa [artificial]. Sentia saudades do parque, que normalmente só fecha por mau tempo”, disse à AFP o arquiteto aposentado Alfonso López, 67 anos, no parque do Retiro, no coração de Madri, onde centenas de pessoas caminhavam ou corriam desde muito cedo.

Em Barcelona, em uma das mesas de um bar no mercado do bairro de Barceloneta, Nasser Mohammad Porras bebe cerveja com duas amigas, médicas assim como ele.

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“Tínhamos muita vontade de desfrutar destes momentos agora que vem o tempo bom. Mas sempre com cautela”, afirmou.

Madri, Barcelona e grande parte de Castela e Leão entraram na primeira fase de um desconfinamento progressivo iniciado há 15 dias no país, um dos mais castigados pela pandemia e que a partir desta segunda-feira revisou para baixo sua cifra de mortos, situando-a em 26.834, quase 2.000 a menos do que na véspera.

O restante do país (ou seja, 22 milhões de habitantes de um total de 47 milhões) passa para a segunda fase de um processo que se estenderá até o fim de junho.

Em Espanha, Itália, Alemanha e outros países europeus, as piscinas, as academias de ginástica e clubes de fitness voltaram a abrir nesta segunda. “Nossos clientes estão impacientes”, comentou à AFP Roberto Pizzicone, administrador de um pequeno centro esportivo no centro de Roma.

O governo francês anunciará em alguns dias os próximos passos do desconfinamento, em particular medidas sobre as férias de verão e a reabertura de bares e restaurantes.

Na Grécia, um terço dos bares e restaurantes – os que podem servir ao ar livre – davam as boas-vindas aos clientes nesta segunda depois de mais de dois meses fechados. “O café tem uma dimensão social, é onde palpita a vida do bairro”, diz à AFP Giorgos Karavatsani, em Atenas.

Na Alemanha, a maioria dos restaurantes pode abrir, assim como alguns hotéis. Mas o governo estuda estender as medidas de distanciamento até 5 de julho, estimando que a pandemia poderia recomeçar “muito rápido”.

O Reino Unido, por sua vez, prevê reabrir seus comércios não essenciais em 15 de junho, anunciou nesta segunda o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

E no Japão, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, suspendeu nesta segunda-feira o estado de emergência imposto em todo o país após uma forte queda no número de novos casos.


– Quase 100.000 mortos nos EUA; crise piora na América Latina –

Prestes a superar a barreira dos 100.000 mortos, os Estados Unidos vão hastear as bandeiras a meio mastro durante três dias por ordem do presidente Donald Trump.

“E haverá mais (mortes) porque não há um plano coordenado”, disse à AFP o filósofo americano Noam Chomsky, que chamou Trump de “sociopata megalomaníaco”.

O país mantém suas medidas de desconfinamento para reativar uma economia arrasada pela epidemia, mas o medo permanece muito presente, como demonstra a decisão de proibir a entrada de estrangeiros vindos do Brasil.

O governo de Jair Bolsonaro, aliado fiel de Trump, minimizou a gravidade da decisão, assegurando que a Casa Branca já tinha tomado medidas idênticas com outros países afetados pela COVID-19, como China, Irã, Reino Unido e Irlanda, assim como o espaço Schengen da União Europeia, respondeu o Itamaraty.

Diante da situação no Brasil, o Uruguai decidiu nesta segunda-feira reforçar as medidas na fronteira entre os dois países.

A situação piora a cada dia em praticamente toda a América Latina e o Caribe. Depois do Brasil, que registra 360.000 casos e mais de 22.000 mortos, os outros dois países mais afetados são México (7.394 mortos), Equador (4.021) e Peru (3.456).

No Equador, os católicos podem rezar e se confessar nas igrejas a partir desta segunda, mas as missas públicas continuam proibidas.

No Peru, vários setores da economia reabriram nesta segunda-feira em modalidade eletrônica ou atendimento a domicílio, caso dos cabeleireiros, após permanecer fechados por mais de 70 dias devido ao confinamento.

No México, o presidente Andrés Manuel López Obrador considerou que a crise econômica causada pela pandemia provocará perdas de um milhão de empregos em 2020.


Seu contraparte chileno, Sebastián Piñera, declarou durante a abertura de um hospital de campanha em Santiago que o sistema de saúde está saturado e “perto do limite”.

Na Argentina, o isolamento social se estendeu até 7 de junho, devido a uma rápida aceleração dos contágios, que quintuplicaram em duas semanas na cidade de Buenos Aires e seus subúrbios.

– OMS e a polêmica hidroxicloroquina –

Em meio à corrida por um tratamento para a COVID-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta segunda-feira a suspensão “temporária” dos testes clínicos com hidroxicloroquina que realizava em vários países, como medida de precaução.

Esta decisão se deve à publicação de um estudo, na sexta-feira, na revista médica The Lancet que considerou ineficazes e até contraproducentes a cloroquina e seus derivados, como a hidroxicloroquina, no combate à COVID-19, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A corrida de vários laboratórios para produzir uma vacina não cessa. A Tailândia começou a realizar testes com macacos e espera poder comercializar um imunizante no final de 2021.

Na frente diplomática, as consequências da pandemia exacerbam a tensão entre a China, onde surgiu a doença, e os Estados Unidos, que a acusa de negligência e de ter provocado “um massacre global maciço”.

A Índia autorizou o reinício dos voos domésticos nesta segunda-feira, após dois meses suspensos, embora as conexões internacionais permaneçam proibidas.

O Irã, por sua vez, reabriu nesta segunda-feira os principais santuários xiitas do país, fechados em março para enfrentar a pandemia, que provocou mais de 7.000 mortes no país.

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