Os países europeus estão entre alguns dos menos preparados a nível mundial para dias mais quentes, destacou um estudo publicado na revista científica ‘Nature Sustainability’.
Suíça, Reino Unido e Noruega testemunharão o maior aumento relativo em dias com temperaturas desconfortavelmente quentes se o aquecimento global atingir 2°C, e os países não dispõem da infraestrutura necessário ou projeto de construção para manter as pessoas frescas, revelaram os pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
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“O perigo é que não temos prédios adequados e podemos superaquecê-los no verão”, relatou Nicole Miranda, uma das autoras do estudo e investigadora da Oxford Martin School.
O estudo comparou as médias de temperatura estimadas abaixo de 1,5°C de aquecimento com aquelas abaixo de 2°C – uma métrica usada para medir a quantidade de tempo que as temperaturas médias diárias passam acima de 18°C . Acima desse limite, casas e prédios têm maior probabilidade de exigir mais energia para o arrefecimento através de ar condicionados ou ventiladores.
Entre os 10 regiões que mais se sentirão influencia, oito são países do norte e do centro da Europa, assim como a Nova Zelândia e Canadá. Espera-se que todos os países sofram um aumento superior a 20% dos dias que vão necessitar arrefecimento se o mundo aquecer para para 2°C, em comparação com 1,5°C.
Estima-se que mais de 60 mil pessoas morreram como resultado das altas temperaturas na Europa no verão passado. Os países que podem esperar o maior aumento relativo dos dias de calor estão mal preparados e mal adaptados para o calor.
Em muitos destes países, as casas são construídas principalmente para ajudar os habitantes a tolerar o frio, com telhados escuros, pouco sombreamento externo e pouca ventilação, destacaram os autores do estudo – o aumento da procura de ar condicionado iria sobrecarregar as redes de energia, assim como o abastecimento, numa época em que os combustíveis fósseis estão sendo eliminados e substituídos por fontes de energia renováveis mais intermitentes.
Para Miranda, existe o perigo de o ar condicionado se torne prioritário em detrimento de uma melhor eficiência do edifício conforme forem aumentando as temperaturas: “Está se desenvolvento um ciclo vicioso – ao comprarmos mais condicionadores de ar, usamos mais energia, levando a mais gases de efeito estufa e aquecimento global e então compramos mais condicionadores de ar novamente”, explicou.