Da reabertura do Coliseu em Roma à retomada das atividades nos estabelecimentos comerciais da Rússia, a Europa deu mais um passo nesta segunda-feira (1o) para uma espécie de retorno à normalidade ante a pandemia de coronavírus, que continua avançando na América Latina, com um milhão de casos de COVID-19, metade deles no Brasil.

Mais de 6,1 milhões de casos do novo coronavírus foram declarados oficialmente no mundo, quase dois terços na Europa e nos Estados Unidos, de acordo com um balanço da AFP. A pandemia já provocou mais de 372.000 mortes.

O foco agora é a América Latina, que superou no domingo a barreira simbólica de um milhão de casos, em particular no Brasil, país com 514.849 contágios e mais de 29.000 mortes.

Com 210 milhões de habitantes, o país é cenário de uma grande tensão política, já que o presidente Jair Bolsonaro se opõe ao confinamento decretado por vários governadores e prefeitos.

No domingo, em seu mais recente desafio, ele se aproximou de seus apoiadores em Brasília, sem usar máscara, embora tenha evitado apertar as mãos, enquanto em São Paulo aconteceram confrontos entre manifestantes opostos a Bolsonaro e seguidores do presidente contrários às medidas de confinamento impostas no estado.

A pandemia avança com velocidade no continente.

Com 120 milhões de habitantes, o México tem mais de 90.000 casos declarados e se aproxima de 10.000 mortes. O Peru, de 33 milhões de habitantes, registra quase 4.500 vítimas fatais, mas é o segundo país latino-americano em número de casos de COVID-19, com 164.476 infectados

Ontem, o Chile superou a marca de 1.000 óbitos e se aproxima de 100.000 contágios. O país, de 18 milhões de habitantes, registrou uma brusca mudança de cenário da doença nas últimas duas semanas.

– Rússia flexibiliza confinamento –

O panorama sombrio contrasta com o que acontece na Europa, onde foram registradas 178.080 mortes e mais de 2,1 milhões de contágios, mas onde agora a situação parece caminhar para a normalidade.

Apesar de um recente aumento do número de novos casos diários, Moscou flexibilizou as restrições mais um pouco nesta segunda-feira. Assim, após mais de dois meses de fechamento, o governo autorizou a abertura de estabelecimentos comerciais não essenciais.

Os moradores da capital russa podem sair para passear, mas sempre de máscara e respeitando um sistema de horários.

Embora viajar de um país para outro seja praticamente impossível, os locais turísticos mais importantes voltaram a abrir as portas na Europa. Nesta segunda-feira foi a vez do Museu Guggenheim de Bilbao (Espanha), do Grande Bazar de Istambul (Turquia), com suas 3.000 lojas e 30.000 comerciantes, e do Coliseu de Roma, iluminado para a ocasião com as cores da bandeira da Itália.

Conhecido por seu edifício sinuoso de vanguarda, projetado pelo arquiteto Frank Gehry, o Guggenheim será aberto com horário reduzido, das 14h às 19h, no mês de junho.

A Espanha, um dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 27.000 vítimas fatais, decretou um confinamento rígido em 14 de março.

Para a Itália, a reabertura do Coliseu, após outros monumentos e pontos históricos nos últimos dias, deve ajudar na recuperação do setor crucial do turismo, muito afetado pelo coronavírus, que deixou mais de 33.000 mortos no país.

– Polêmica na Inglaterra –

Na Inglaterra, as escolas, fechadas desde meados de março, voltaram a receber alunos de 4 a 6 anos e de 10 a 11, apesar das críticas dos sindicatos de professores e dos governos locais que consideram a decisão apressada.

“Não podemos prometer realmente aos pais que suas crianças permanecerão a dois metros umas das outras o tempo todo”, afirmou Bryony Baynes, diretora de uma escola do ensino básico de Worcester (oeste da Inglaterra).

Apesar do temor de uma segunda onda, a sensação de volta da normalidade também inclui Finlândia (reabertura de restaurantes, bibliotecas e de outros locais públicos), Grécia (jardins de infância e escolas do ensino básico), Romênia (cafés, restaurantes e praias), assim como Albânia, Noruega e Portugal.

Os franceses aguardam com impaciência a reabertura dos cafés e restaurantes na terça-feira, assim como o fim da proibição de deslocamentos a mais de 100 quilômetros de suas casas.

Na Ásia, a imprensa estatal informou que a Coreia do Norte reabriu as escolas, após dois meses de fechamento. Pyongyang não informou nenhum caso de COVID-19, o que provoca suspeitas entre os especialistas.

– Várias frentes para Trump –

Nos Estados Unidos, país mais afetado do planeta, com mais de 104.000 mortos e 1,77 milhão de casos, o presidente Donald Trump não enfrenta apenas uma gigantesca crise de saúde, mas também uma explosão de protestos e distúrbios em várias cidades após a morte de um cidadão negro em uma ação policial.

A pandemia provocou 598 mortes nos Estados Unidos no domingo, segundo o balanço da Universidade Johns Hopkins.

As medidas de confinamento provocaram protestos em países como Estados Unidos, Espanha e Argentina, com o aumento da pressão sobre os governos para a retomada de setores econômicos cruciais.

A Venezuela, onde o novo coronavírus provocou oficialmente 1.459 casos e 14 mortes (números questionados por especialistas), anunciou um plano de flexibilização da quarentena que o presidente Nicolás Maduro chamou de “5 mais 10”.

O plano consiste em alternar cinco dias de retomada das atividades econômicas em diferentes setores, com medidas de precaução como o uso de máscaras, com dez dias de quarentena.