Já são quatro dias de ataques russos à Ucrânia, que neste domingo avançaram sobre Kharkiv, a segunda maior cidade do país. A Europa está armando a Ucrânia até os dentes. Estrategicamente, os russos tomaram Chernobyl, desativada desde o acidente, há décadas, o que causa um efeito, digamos, marqueteiro no mundo todo, que reconhece seu potencial letal, além de ser próximo à fronteira com a Bielorrússia, vista pelos ucranianos como cúmplice dos russos neste conflito. O presidente ucraniano, inclusive, já disse que quer negociar com a Rússia, mas desde que as negociações aconteçam fora da Bielorrússia, por motivos óbvios.

Essa guerra tem motivos muito complexos e a facilidade com que chegam as notícias graças à rapidez da web também traz uma série de informações muitas vezes desencontradas. Há uma vertente de analistas (hoje todo mundo virou analista de geopolítica) que afirma que se os ataques não terminarem nas próximas 48 horas, outros países irão se envolver e a coisa vai sair do controle. Ainda mais com o presidente norte-americano Joe Biden agindo junto à OTAN com o uso de todas as artimanhas possíveis para socorrer a Ucrânia com o único objetivo: desestabilizar a Rússia.

Há quem diga que a Rússia está defendendo os próprios interesses regionais. Isso começou com a possibilidade da Ucrânia se juntar à OTAN. Se isso acontecesse, a Rússia teria, na sua fronteira, e em um território historicamente próximo, no caso a Ucrânia, um país defendido pelo Artigo 5º da Carta da OTAN, que prevê que caso qualquer membro da OTAN seja atacado, todos os outros devem defendê-lo em conjunto, e aí sim teríamos uma guerra mundial. O que a Rússia fez foi reconhecer como independentes duas regiões mais ao leste da Ucrânia, que se identificam mais com a Rússia, como Donetsk e Lugansk.

Logo no início do conflito, o Kremlin divulgou uma nota em que informava que as tais duas regiões pediram auxílio russo para defesa. Fazendo então, com que a Rússia não tivesse de fato atacado a Ucrânia por interesse próprio, mas sim para proteger outros territórios independentes. Tanto que as tropas da Rússia invadiram o território ucraniano carregando bandeiras da OSCE (Organização para Cooperação e Segurança na Europa). Para eles, pelo menos nos discursos, não é sobre conquista de território, mas sim defesa da segurança de dois povos. Essa é uma narrativa muito difícil de ser quebrada pelo Ocidente e que, talvez, não valha o esforço deles.

O que sabemos é que se todos os países envolvidos nesse conflito resolverem tomar decisões baseadas no que interessa a cada um deles, a humanidade estará à beira de uma guerra mundial de proporções inimagináveis. Afinal, temos informações de que Putin mandou que seus armamentos nucleares entrem em alerta máximo, o que, fatalmente, nos lançaria em uma grande Terceira Guerra Mundial. Se antes não acreditávamos que Putin invadiria a Ucrânia, agora não podemos duvidar de mais nada que venha de suas ameaças. O disparo de uma única ogiva nuclear certamente será suficiente para uma reação de Biden e da Otan. E, nesse caso, a quarta-feira de cinzas virá bem antes para todos nós.