Os legisladores do Parlamento Europeu pediram nesta quinta-feira (16) à União Europeia (UE), em uma resolução não vinculante, que o bloco adote sanções contra os funcionários cubanos responsáveis pela repressão aos protestos registrados nesta ilha em 11 de julho passado.

Na resolução, aprovada por 426 votos contra 146, os eurodeputados pedem ao Conselho Europeu “que faça uso do que está disposto na Lei Magnitsky e adote sanções, o mais rápido, possível contra os responsáveis por violações dos direitos humanos em Cuba”.

O documento também “condena, nos termos mais enérgicos, a violência e a repressão extrema”, por parte do governo, “em função dos protestos de 11 de julho de 2021”.

Esta resolução foi objeto de um tenso debate durante boa parte do dia na sede do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

Em sua intervenção, a comissária europeia para Assuntos Internos, Ylva Johansson, disse que, na UE, “acreditamos que precisamos continuar conversando. Nossa política anterior [em relação a Cuba], a Posição Comum, de 1996, não obteve qualquer resultados”.

Na mesma sessão, a eurodeputada conservadora Dita Charanzová defendeu, por sua vez, que “é hora de suspender” o Acordo de Diálogo Político e de Cooperação firmado entre UE e Cuba em 2017 e que foi ratificado por 26 membros do bloco (faltando o voto da Lituânia).

Outros legisladores condenaram a insistência das bancadas conservadores em incluir a situação de Cuba na agenda, enquanto evitam discutir a situação em outros países latino-americanos como Colômbia, Honduras e Brasil.

“Disso não querem nem falar”, criticou o eurodeputado espanhol Manu Pineda.

Na segunda-feira (13), a Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Nacional (Parlamento cubano) emitiu uma dura nota de protesto contra o novo debate, no Parlamento Europeu, sobre a situação da ilha.

Nesta nota, os legisladores cubanos disseram que o Parlamento Europeu é “um triste refém de uma escalada agressiva alheia aos interesses genuinamente europeus e contrária ao espírito de diálogo respeitoso que prevaleceu nas relações bilaterais”.

Em 11 de julho, milhares de cubanos tomaram as ruas em cerca de 50 cidades do país, aos gritos de “Pátria e Vida”, “Temos fome” e “Liberdade”. Uma pessoa morreu, e dezenas ficaram feridas.

O governo comunista insiste em que os protestos são parte de uma estratégia para provocar a mudança de regime, apoiada por meios digitais anticubanos, financiados pelos Estados Unidos. Ainda não se pronunciou sobre o número de detidos nas manifestações.