Justin Bieber veio ao Brasil para se apresentar no Rock in Rio, no domingo (4), e trouxe consigo a mulher, a modelo Hailey Bieber, que é filha do ator Stephen Baldwin, irmão mais novo de Alec Baldwin, com a designer brasileira Kennya Deodato.

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Mas apesar do parentesco direto com o ator de Hollywood, Stephen não é a única pessoa famosa de quem Hailey descende. Seu avô materno é o pianista, arranjador e produtor musical brasileiro Eumir Deodato, de 79 anos.

O músico, que no Brasil acaba sendo lembrado mais por gerações mais velhas e por grandes entusiastas da música brasileira, especialmente da Bossa Nova e do jazz, é um dos principais nomes e um dos pioneiros do gênero que consagrou João Gilberto e o maestro Tom Jobim.

Deodato começou sua carreira no fim dos anos 1950, se apresentando ao lado de Roberto Menescal e Durval Ferreira. Já no início dos anos 1960, se tornou arranjador e trabalhou no álbum de estreia de Marcos Valle, “Samba Demais”.

Ainda nos anos 1960, o músico também fez arranjos para três álbuns de Wilson Simonal, e começou sua carreira própria como intérprete, com o disco “Inútil Paisagem”, com músicas de Tom Jobim.

De acordo com o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, Deodato presidiu a comissão de seleção prévia das primeiras edições do FIC (Festival Internacional da Canção), no qual escolhia os compositores que se apresentariam no evento.

Por conta disso, o músico é considerado como um dos descobridores de Milton Nascimento, que teve três músicas de sua autoria, uma delas em parceria com Fernando Brant, apresentadas no FIC de 1967, “Maria Minha Fé”, “Morro Velho” e “Travessia” (com Brant), que ficou com o segundo lugar no festival.

Em 1967, Dedoato se muda para Nova York, nos Estados Unidos, e inicia sua carreira internacional, que por alguns anos acompanhou paralelamente trabalhos no Brasil, e grava com Astrud Gilberto, ex-mulher de João Gilberto e a voz de “Girl from Ipanema”, o álbum “Beach Samba”.

Já na CTI Records, grava com outros grandes nomes, como Tom Jobim, Aretha Franklin, Frank Sinatra, Tony Bennett e Roberta Flack, entre outros.

Em 1969, lançou em parceria com João Donato o aclamado álbum “Donato/Deodato”, mas talvez o ponto alto de sua carreira seja seu disco solo “Prelude”, o primeiro gravado fora do Brasil e lançado em 1972. Nele, Deodato fez um arranjo de jazz para “Also Sprach Zarathustra”, do compositor Richard Strauss, que vendeu 5 milhões de cópias, de acordo com o Dicionário Cravo Albin da MPB.

A canção lhe rendeu diversos prêmios internacionais, como das revistas “Billboard”, “Cashbox”, “Record World” e “Playboy”, além de um Grammy na categoria Melhor Performance Instrumental Pop/Rock, e uma indicação para Melhor Artista Revelação, junto de Barry White e Bette Middler, vencedora da categoria. Em 1981, ele voltaria à premiação, indicado em Melhor Performance de R&B, ao lado, entre outros, de B.B. King e George Benson, que ficou com o gramofone.

O sucesso de “Also Sprach Zarathustra” foi tão grande que a música alcançou o número 2 no ranking “Billboard Hot 100”, em março de 1973, nos EUA, e o 7º lugar nos charts britânicos. Ainda no mesmo ano, ele estrearia uma turnê no Madison Square Garden, em Nova York, uma das casas de shows mais famosas do mundo.

Deodato trabalhou em quase 500 álbuns de artistas diversos, e recebeu 16 discos de platina como artista, arranjador ou produtor ao longo de sua carreira. Além dos já citados, outros nomes com quem trabalhou passam por Björk, Earth, Wind & Fire, Kool & The Gang, Sarah Vaughan, e os brasileiros Titãs, Carlinhos Brown e Gal Costa.

A carreira do músico ainda enveredou para o cinema, onde suas canções aparecem na trilha sonora de diversos filmes e séries, entre eles “Os Caça-Fantasmas 2” e “Bossa Nova”, do brasileiro Bruno Barreto.