Rio – A primavera bate à porta. É tempo de renascimento, esperança e futuro. Mas é tempo de olharmos o que foi conquistado até aqui. Tem sido suficiente? Não. Você, leitor ou leitora, deve estar perguntando sobre o que estou escrevendo. Trata-se do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, 21 de setembro. A data foi escolhida por ser o Dia da Árvore e estar próxima ao início da Primavera. Foi oficializada pela Lei Nº 11.133, de 14 de julho de 2005.

Lei Brasileira de Inclusão (LBI) considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que possa obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

A inclusão é um projeto social, mas quero deter-me no campo educacional. Creio que enquanto não melhorarmos nossa educação, não chegaremos à uma sociedade plena de direitos e sem desigualdades.
Segundo dados do Censo Escolar, na Educação Básica, o índice de inclusão de pessoas com deficiência em classes comuns chegou a 90,9% em 2017. Porém, a maior parte dos alunos com deficiência não tem acesso ao atendimento educacional especializado. Será, então, que a qualidade acompanha o crescimento do número de matrículas? O problema começa nos cursos de formação de professores.

Não só os novos professores, mas os que já atuam sentem-se desamparados, sem condições para o exercício do magistério. Não é de hoje que estudos acadêmicos debruçam-se sobre a precariedade da formação do professor. Invariavelmente, sugerem que o docente precisa ser formado a partir de seu espaço de prática: a sala de aula. A questão é muito complexa, não parece simples resolvê-la. Muitas vezes a solução parece estar na esfera do intangível, do inexpugnável.

No entanto, como professor que leciona para futuro docentes, trago algumas sugestões. No campo social, é imprescindível uma política de valorização do magistério a partir de salários dignos. No campo formativo, é preciso estabelecer um vínculo mais próximo entre teoria e prática, que poderia ser por meio de “estudos de caso”, e tratar o tema de forma mais transversal, introduzindo abordagens inclusivas em disciplinas como Didática e Estágio. Acredito que na educação, assim como na vida, apesar das dificuldades, ainda é possível chegar à primavera. 

Eugênio Cunha é professor e jornalista