A Venezuela “está desabando e o povo venezuelano, morrendo de fome”, afirmou nesta segunda-feira o presidente americano, Donald Trump, em um jantar com um pequeno grupo de presidentes latino-americanos em Nova York para discutir a crise política naquele país.

Trump disse que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, “desafiou seu próprio país” e é culpado por “um governo desastroso”, advertindo que pode solicitar novas sanções contra Caracas.

Washington já impôs sanções contra a Venezuela e no dia 11 de agosto alertou que os Estados Unidos contemplavam uma série de ações contra Caracas, “incluindo uma possível opção militar caso fosse necessário”.

Trump não repetiu essa advertência nesta segunda-feira, mas disse que os Estados Unidos estão preparados para novas ações, sem dar mais detalhes.

“Suas instituições democráticas estão sendo destruídas”, disse. “Nossa meta deve ser ajudá-los e restaurar sua democracia”.

Participaram do jantar o presidente Michel Temer e seus colegas de Colômbia, Juan Manuel Santos, e Panamá, Juan Carlos Varela, além da vice-presidente argentina, Gabriela Michetti.

O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, também foi convidado, mas acabou ficando em Lima, depois de um confronto com o Congresso que forçou a renovação de seu gabinete ministerial.

“Evidentemente, na opinião de todos os participantes do jantar é preciso uma solução democrática na Venezuela (…). As pessoas querem que se estabeleça uma democracia (…), querem manifestações que se ampliem dos países, da América Latina, Caribe, para pressionar a uma solução democrática (…) Todos querem continuar a pressão para resolver, mais pressão diplomática, sanções verbais, palavras diplomáticas, democráticas”, revelou Temer.

Temer destacou que também “é uma questão humanitária”. “O Brasil tem feito o possível para ajudar humanitariamente, acabamos mandando remédios, medicamentos para a Venezuela”, mas também há “a questão política, que cabe ao povo venezuelano”.

Temer contou que Santos manifestou durante o jantar sua preocupação com os refugiados venezuelanos, dos quais o Brasil já recebeu mais de 30 mil nos últimos anos.

Panamá e Colômbia também abrigam milhares de refugiados da Venezuela.

Carlos Varela informou que durante a reunião ficou acertado “coordenar ações para garantir que se respeite a vontade do povo da Venezuela e que em 2018 haja eleições democráticas (…) visando a paz social que todos queremos”.

Os países participantes do jantar integram o Grupo de Lima, formado por 12 nações latino-americanas que, em agosto, condenaram a quebra da ordem democrática na Venezuela e se negam a reconhecer a Assembleia Constituinte impulsionada pelo governo Maduro.

Após violentos protestos contra Maduro, que deixaram cerca de 125 mortos entre abril e julho passados, governo e oposição iniciaram há alguns dias contatos na República Dominicana para estabelecer as bases de uma negociação.