Militares americanos afirmaram que teste de míssil intercontinental não municiado já estava programado e não tem relação com aumento de tensões com China e Rússia.Em meio às tensões envolvendo potências nucleares, os Estados Unidos confirmaram nesta terça-feira (16/08) que testaram um míssil intercontinental Minuteman-3, com capacidade nuclear. O lançamento,

Segundo as autoridades americanas, o teste foi realizado com atraso de duas semanas. O adiamento teria ocorrido para evitar aumentar as tensões com a China, que nas últimas semanas realizou uma série de manobras militares ao redor de Taiwan, que mantém relações próximas com os EUA.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Departamento de Defesa dos EUA, o teste do míssil não municiado mostrou "a prontidão das forças nucleares dos EUA e fornece confiança na letalidade e na eficácia da dissuasão nuclear da nação".

Os militares também informaram que os EUA já haviam conduzido 300 testes semelhantes e que as manobras atuais não seriam uma consequência de nenhum evento global específico – uma provável alusão aos recentes exercícios militares feitos pela China ao redor de Taiwan.

Em abril, os EUA já haviam adiado testes com o Minuteman-3 a fim de evitarem uma escalada nas tensões nucleares com a Rússia, em meio à invasão da Ucrânia.

Chamado oficialmente de LGM-30G Minuteman-30, o míssil intercontinental americano fica baseado em silos terrestres, pronto para ser utilizado em caso de conflito nuclear. Os EUA têm 400 unidades desse armamento, que pode carregar três ogivas nucleares, embora os americanos utilizem configuração mista em modelos disparados por submarinos.

Fabricado pela Boeing, o míssil é peça-chave na estratégia do exército e do arsenal nuclear americano. Ele pode alcançar alvos a quase 10 mil quilômetros de distância e viaja a uma velocidade de aproximadamente 24.000 km/h.

O míssil que foi testado teve como área de lançamento a base da Força Aérea em Vandenberg, no estado americano Califórnia, às 00h49 (04h49 em Brasília), e viajou cerca de 6.800 km até o atol de Kwajalein, nas Ilhas Marshall.

Putin critica atitude americana

Após o teste, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se manifestou durante a abertura de um fórum de segurança em Moscou. Ele criticou as iniciativas americanas contra a China e disse que a recente visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à Taiwan foi "uma provocação cuidadosamente preparada".

Para o presidente russo, a viagem de Pelosi faz "parte de uma estratégia proposital e consciente americana para desestabilizar e semear o caos na região e no mundo".

Putin também afirmou que o Ocidente está buscando estender blocos para a região do Oceano Pacífico, na Ásia, tal qual ocorreu com a Otan na Europa central e oriental. E classificou o Aukus – um pacto entre americanos, britânicos e australianos que busca capacitar a Austrália com submarinos de propulsão nuclear – como uma aliança político-militar agressiva.

Antes, em fevereiro, Putin havia dito que as forças nucleares russas deveriam ser colocadas em alerta, conjecturando que a invasão da Ucrânia poderia levar a uma guerra nuclear. Oficiais do governo dos EUA, no entanto, até então não viram motivos para mudar os níveis de alerta em relação ao tema, em Washington.

A Rússia e os EUA são as duas maiores potências nucleares desde a Guerra Fria (1947-1991), que tinha o Ocidente e a União Soviética como antagonistas. Atualmente, ambos os países têm mais de 1.600 ogivas nucleares operacionais, ou seja, que estão prontas para ser utilizadas.

Relações instáveis entre China e EUA

A crise entre americanos e chineses foi desencadeada principalmente a partir do dia 2 de agosto, quando Nancy Pelosi, visitou Taiwan. A viagem irritou profundamente o regime chinês e fez com que Pequim começasse uma série de exercícios militares com aeronaves e navios de guerra ao redor da ilha.

No domingo, cinco congressistas americanos também chegaram a Taiwan para uma visita de dois dias. Eles se encontraram com a presidente Tsai Ing-wen e com outros representantes dos setores público e privado. A visita incomodou mais uma vez a China, que lançou novos exercícios militares no espaço aéreo e nas águas próximas de Taiwan.

A ilha de Taiwan está localizada a sudeste da China continental. Autogovernada desde 1949, tem um regime democrático e é politicamente próxima de países ocidentais, além de ser uma importante produtora de chips eletrônicos.

A China, no entanto, considera Taiwan parte de seu território e exige que países terceiros escolham entre manter relações diplomáticas ou com a China ou com Taiwan.

A visita de membros do alto escalão do governo americano à ilha não é novidade e aumentou nos governos de Donald Trump e Joe Biden.

Mas, antes de Pelosi, a última vez em que um parlamentar que preside a Câmara dos EUA – o político mais importante do país após o vice-presidente – visitou a ilha foi em 1997, com Newt Gingrich, que comandou a casa entre 1995 e 1998, durante o governo de Bill Clinton.

gb (Reuters, ots)