Os Estados Unidos estão tentando “recuperar” o tratado de extradição que tinham com Honduras, o qual permitiu a entrega de narcotraficantes, mas foi cancelado unilateralmente pela presidenta Xiomara Castro há um mês, disse a embaixadora de Washington em Tegucigalpa nesta segunda-feira (30).

Com base no tratado, cerca de 50 hondurenhos procurados por narcotráfico foram extraditados para os Estados Unidos, incluindo o ex-presidente Juan Orlando Hernández (2014-2022), condenado a 45 anos de prisão por participar e proteger uma rede que teria introduzido centenas de toneladas de cocaína no país norte-americano entre 2004 e 2022.

“É superimportante ter este tratado de extradição. Estamos tentando trabalhar com o governo para recuperá-lo”, declarou a embaixadora Laura Dogu a jornalistas.

“Se ele terminar, vamos esperar décadas para (assinar) um novo tratado. Não é algo fácil”, acrescentou Dogu.

No dia 28 de agosto, a presidente hondurenha, de esquerda, surpreendeu ao anunciar a cancelamento do acordo, em vigor desde 1912, mas que começou a ser aplicado em 2014.

Castro argumentou que o tratado de extradição colocava seu governo “em risco” de sofrer um “novo golpe de Estado”. O marido da mandatária, o ex-presidente Manuel Zelaya, foi deposto em 2009 por um golpe.

A oposição, no entanto, afirmou que Castro cancelou o tratado para proteger membros de seu governo e de sua família.

Três dias após a decisão da presidente, seu cunhado, Carlos Zelaya, renunciou aos cargos de deputado e de secretário do Congresso, após a divulgação de um vídeo de uma reunião que ele teve em 2013 com chefes do narcotráfico para negociar um financiamento para sua campanha política.

Imediatamente após a divulgação do vídeo, o filho de Carlos Zelaya, José Manuel Zelaya, renunciou ao cargo de ministro da Defesa, em solidariedade ao pai.

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