Os “ataques e ameaças” a embaixadas são “inaceitáveis”, afirmou, nesta segunda-feira (25), um porta-voz do Departamento de Estado americano depois que Cuba denunciou o lançamento de coquetéis molotov contra sua representação diplomática em Washington.

“O ódio lançou na noite de ontem, outra vez, um ataque terrorista contra nossa Embaixada em Washington, em um ato de violência e de impotência que poderia custar vidas valiosas”, escreveu o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, em seu perfil na rede social X (antigo Twitter).

O chanceler Bruno Rodríguez havia informado durante a noite de domingo nessa mesma rede social que a embaixada de Cuba tinha sido alvo de um “ataque terrorista de um indivíduo que lançou dois coquetéis molotov”.

Rodríguez esclareceu que os funcionários da legação diplomática não ficaram feridos.

Também na rede X, a embaixadora cubana nos Estados Unidos, Lianys Torres Rivera, disse nesta segunda que, após “o ataque terrorista”, a embaixada entrou em contato “imediatamente com as autoridades americanas, a quem foi dado acesso à operação para apreensão das amostras dos coquetéis molotov”.

O governo do presidente americano Joe Biden reagiu reconhecendo que a segurança das embaixadas faz parte de suas obrigações.

“Os ataques e ameaças contra instalações diplomáticas são inaceitáveis”, declarou aos jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

“Estamos em contato com funcionários da embaixada cubana e, com base em nossas obrigações segundo as Convenções de Viena, o departamento está comprometido com a segurança das instalações diplomáticas e dos diplomatas que trabalham nelas”, acrescentou.

– ‘Segundo ataque’ –

O chanceler Rodríguez reiterou que se trata do “segundo ataque violento contra a sede diplomática em Washington”, acrescentou o chanceler, em uma referência a outro incidente ocorrido em abril de 2020, quando um homem atirou contra a embaixada de Cuba na capital americana.

O México solidarizou-se com Cuba ao pedir “uma investigação aprofundada e que os responsáveis sejam levados à Justiça”, segundo um comunicado de seu Ministério das Relações Exteriores.

O ataque de domingo aconteceu poucas horas após o retorno do presidente Miguel Díaz-Canel a Havana. O chefe de Estado passou a semana em Nova York, onde participou da Assembleia Geral das Nações Unidas e de outras atividades com simpatizantes de Cuba nos Estados Unidos.

Em Nova York também foram organizadas manifestações de cubanos que moram nos Estados Unidos contra a presença de Díaz-Canel na Assembleia da ONU.

“Os grupos anticubanos recorrem ao terrorismo ao sentirem impunidade, algo sobre o qual #Cuba tem alertado as autoridades americanas reiteradamente”, afirmou Rodríguez na rede X.

Após a agressão de abril de 2020, as autoridades americanas prenderam Alexander Alazo, de 42 anos e morador do Texas, acusado de “ataque com intenção de matar”.

Contudo, “após três anos, o responsável ainda espera julgamento e o governo dos Estados Unidos se recusou a qualificar o ato como terrorismo”, disse a chancelaria cubana em um comunicado nesta segunda.

A relação entre Estados Unidos e Cuba, sob embargo americano desde 1962, é tensa e uma normalização das relações com a ilha comunista não parece estar na agenda de Biden.

O presidente americano prometeu revisar a política para Cuba ao chegar à Casa Branca em janeiro de 2021, mas mudou de opinião após as manifestações antigovernamentais de julho daquele mesmo ano na ilha, que terminaram com uma morte e dezenas de feridos, e depois das quais centenas de manifestantes continuam presos.

Antes de deixar o poder em 2021, Donald Trump recolocou Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo e depois a incluíram em outro grupo de nações que não respeitam a liberdade religiosa.

O MRE cubano se pronunciou hoje contra “o uso com dois pesos e duas medidas do suposto compromisso do governo americano contra o terrorismo”.

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