EUA sanciona funcionários de El Salvador por relações com líderes criminosos

EUA sanciona funcionários de El Salvador por relações com líderes criminosos

Os Estados Unidos impuseram nesta quarta-feira (8) sanções econômicas contra dois funcionários do alto escalão do governo de Nayib Bukele em El Salvador, acusando-os de participar de negociações encobertas com líderes criminosos que estão presos.

O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou que Osiris Luna Meza, vice-ministro da Justiça e diretor-geral de penitenciárias de El Salvador, e Carlos Amílcar Marroquín Chica, diretor de Reconstrução do Tecido Social da Presidência salvadorenha, foram incluídos em sua lista negra por suas relações com os líderes das gangues Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18.

As sanções supõem o congelamento de qualquer ativo que os envolvidos tenham sub jurisdição dos EUA e proíbe que eles façam qualquer transação através do sistema financeiro americano.

“O crime organizado, apoiado por atores corruptos, pode desestabilizar o Estado de Direito, erodir a confiança nas instituições públicas e debilitar a governabilidade democrática”, disse o secretário de Estado, Antony Blinken, após o anúncio das sanções.

“Continuaremos utilizando todas as ferramentas disponíveis para romper os vínculos entre a atividade criminosa e a corrupção”, acrescentou.

Segundo o Tesouro americano, uma investigação revelou que Luna e Marroquín facilitaram e dirigiram em 2020 reuniões propiciadas pelo governo Bukele para pactuar uma trégua secreta com os líderes do crime organizado.

Além disso, os chefes das organizações criminosas concordaram em apoiar o partido de Bukele, o Novas Ideias, nas eleições legislativas de 2021, que resultaram no triunfo dos governistas, em troca de alocações financeiras do governo e de privilégios aos líderes das gangues na prisão, como celulares e prostitutas.

O Departamento do Tesouro americano também indicou que Luna negociou com os líderes da MS-13 e do Barrio 18 o acatamento do confinamento nacional decretado por Bukele em março de 2020, no início da pandemia de covid-19.

Ademais, acusou Luna de roubar e revender produtos básicos comprados pelo governo salvadorenho para ajudar os atingidos pela emergência sanitária, e de idealizar um plano para desviar milhões de dólares do sistema penitenciário do país centro-americano.

O governo Bukele, por outro lado, nega os acordos com as gangues, mas rejeitou, nos últimos meses, extraditar líderes da MS-13 requeridos pela Justiça de Nova York.