O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu novamente sua estimativa de produção global de trigo, principalmente devido às colheitas abaixo do esperado na Austrália, Canadá e Argentina, países afetados pela seca.

Depois de reduzir suas previsões em 3,3 milhões de toneladas em agosto, o USDA cortou mais 6 milhões de toneladas em seu relatório mensal WASDE, amplamente acompanhado por analistas e pela comunidade agrícola.

Com 787 milhões de toneladas para a safra 2023-24 (que vai de junho a maio do ano seguinte), a produção mundial do principal cereal agora é prevista como inferior à da safra 2022-23 (790 milhões de toneladas).

O USDA estima que a colheita na Austrália cairá em três milhões de toneladas.

No início de setembro, o Departamento de Agricultura da Austrália indicou que esperava uma “queda” na produção da safra de inverno, que inclui o trigo.

Várias regiões produtoras da Austrália estão sofrendo com a seca atribuída ao fenômeno El Niño.

“Não é uma grande surpresa”, comentou Gautier Le Molgat, da empresa Agritel. “Há muito tempo estamos vendo os preços da Austrália muito altos”, acrescentou.

Também houve falta de chuvas na Argentina, onde os volumes diminuíram em um milhão de toneladas, e na União Europeia.

“O mercado não estava preparado para que os estoques no final do ano fossem tão baixos”, observou Michael Zuzolo, da Global Commodity Analytics and Consulting.

Com 258 milhões de toneladas ao final da safra, os estoques estariam em seu nível mais baixo dos últimos sete anos.

Essas quedas na produção foram apenas parcialmente compensadas por um aumento de um milhão de toneladas na produção da Ucrânia.

“O interessante é ver partes do mercado do Mar Negro (Rússia e Ucrânia) em detrimento de outros países exportadores, que têm um pouco menos de produção”, observou Gautier Le Molgat.

O USDA prevê que a Rússia representará quase 24% das exportações mundiais de trigo, em comparação com 16% em 2021-22.

Outro mercado que o relatório mostrou em má forma foi o milho, cujos preços sofreram nesta terça-feira devido a um pequeno aumento na estimativa da produção mundial, que agora é de 1,214 bilhão de toneladas para 2023-2024.

O relatório também reduziu a previsão da safra de soja em quase 1,5 milhão de toneladas, para 401,33 milhões de toneladas, ainda em um nível recorde.

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