Os Estados Unidos vão continuar com a luta climática independente do resultado das eleições legislativas desta terça-feira (8), assegurou o representante especial do presidente Joe Biden na COP27, onde os países em desenvolvimento e emergentes a voz e exigem financiamentos que podem ser astronômicos.

A conferência anual do clima da ONU encerra nesta terça-feira o encontro de cúpula de líderes, que contou com a presença de mais de 100 governantes e presidentes.

Entre eles o colombiano Gustavo Petro e o venezuelano Nicolás Maduro, que propuseram uma grande aliança para salvar a Amazônia.

Os quase 200 países participantes da COP27 agora têm pela frente 10 dias de intensas negociações, em particular sobre as finanças da luta climática, que dominam a reunião de Sharm el-Sheikh.

Os Estados Unidos, com um governo democrata mais comprometido do que nunca com a luta climática, enfrentam importantes eleições legislativas nesta terça, que podem dar o controle do Congresso à oposição republicana.

“Mesmo se perdermos, o presidente Biden está mais determinado do que nunca a continuar o que estamos fazendo”, disse o enviado especial de Biden para o clima, John Kerry.

“A maior parte do que estamos fazendo não pode ser mudada por ninguém que venha depois… O mercado tomou sua decisão sobre o que devemos fazer para responder à crise climática”, acrescentou.

O grande trabalho legislativo de Biden no meio do mandato foi sua “Lei de Redução da Inflação”, com 370 bilhões de dólares para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 40% até 2030.

Nenhum republicano votou a favor da lei, que para o partido não diminui a inflação nem garante o futuro energético do país.

– Perdas e danos –

Biden, que participará da COP27 na sexta-feira, reconhece a “responsabilidade particular” de seu país em relação às nações em desenvolvimento, explicou Kerry.

Essas nações insistem em uma determinada reivindicação, que conseguiram colocar na agenda oficial da COP27, apesar de ainda terem dois anos de negociação pela frente.

É o capítulo de “perdas e danos”, polêmico porque para os países do sul deve ser sinônimo de indenização pelos danos causados por dois séculos de industrialização e uso intensivo de combustíveis fósseis, realizados pelos países do norte .

Para os países ricos, um fundo desse tipo tem que ser voluntário e que não implique na possibilidade de julgamentos em tribunais internacionais.

Além disso, também está pendente quem deve pagar a maior parte. Países “não europeus” e grandes emissores, como os Estados Unidos e a China, são os que devem assumir a maior carga, alertou o presidente francês, Emmanuel Macron, na segunda-feira.

O debate em Sharm el-Sheikh “é apenas uma etapa”, alertou o primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, em nome da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), ameaçados pelo aumento do nível dos oceanos.

Esse fundo “seria apenas uma recompensa modesta, considerando que nossos membros perdem até 2% de seu PIB em um dia, quando ocorre um evento climático extremo”, acrescentou.

– 2 trilhões de dólares por ano –

Mas as quantias avaliadas, apenas em termos de investimento para a luta climática, são astronômicas.

Os países do sul precisariam de mais de 2 trilhões de dólares por ano, segundo um relatório encomendado pela presidência da COP.

Pouco menos da metade terá que vir de fora desses países, por meio de financiamento de grandes instituições, governos e do setor privado.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, propôs que este fundo seja alimentado com um imposto especial sobre as empresas do setor de combustíveis fósseis.

– Plano para a Amazônia –

Petro e Maduro também apresentaram uma aliança ambiciosa para a proteção da Amazônia, junto com o presidente do Suriname, Chan Santokhi, embora sem muitos detalhes.

“Estamos determinados a revitalizar a floresta amazônica”, declarou o presidente colombiano.

“Se nós, sul-americanos, temos alguma responsabilidade, é parar a destruição da Amazônia”, acrescentou Maduro.

Petro, promotor da iniciativa, apelou à “abertura de um fundo” que deverá contar “com o nosso orçamento” e também “com a contribuição das empresas privadas globais e dos Estados do mundo”.

O líder colombiano garantiu que seu país está disposto a mobilizar 200 milhões de dólares anualmente durante 20 anos para a conservação da Amazônia.