12/08/2019 - 20:58
O procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, afirmou nesta segunda-feira (12) ter sido informado sobre “graves irregularidades” na prisão federal de Nova York, onde o investidor Jeffrey Epstein foi encontrado morto, aparentemente após cometer suicídio, e prometeu investigar eventuais cúmplices de seus abusos sexuais contra menores.
Barr, que tinha anunciado no sábado a abertura de duas investigações sobre a morte de Epstein, aparentemente um suicídio, disse que se sentiu “extremamente aborrecido” ao saber das falhas “para proteger adequadamente” a prisão, depois que vários meios de comunicação informaram que Epstein, aguardando julgamento por tráfico e abuso sexual de menores, não era monitorado adequadamente.
A imprensa americana reportou no domingo que o magnata, um dos presos mais importantes do país, tinha ficado sozinho em sua cela, embora devesse estar sempre acompanhado, e que as rondas previstas a cada 30 minutos não tinham sido cumpridas.
Epstein já havia sido encontrado inconsciente e com marcas no pescoço em sua cela, em 23 de julho, após uma aparente tentativa de suicídio. Contudo, não foi aplicada a vigilância anti-suicídio a ele – uma decisão que despertou indignação no dia seguinte a sua morte.
“Iremos até o fundo das coisas (…) e haverá responsáveis” identificados, garantiu Barr após um fim de semana repleto de teorias da conspiração – algumas citadas por Donald Trump.
Muitas dessas teorias insinuam que a morte de Epstein envolveria figuras poderosas relacionadas e ele, do príncipe Andrew da Inglaterra ao ex-presidente Bill Clinton.
As causas da morte ainda não foram oficialmente confirmadas. Após a necropsia, o legista de Manhattan optou por preservar suas conclusões à espera de “mais informações”.
Epstein, de 66 anos, foi encontrado morto na prisão por volta de 6h30 no horário local no sábado no Metropolitan Correctional Center – prisão de segurança alta -, onde esperava por um julgamento que começaria pelo menos em junho de 2020.
Ele havia sido preso em 6 de julho e acusado em Nova York de organizar, pelo menos entre 2002 e 2005, uma rede com dezenas de meninas, algumas ainda secundaristas, com as quais fez sexo em suas inúmeras propriedades, especialmente em Manhattan e Flórida.
Depoimentos que foram conhecidos através de documentos judiciais apresentam uma imagem deste milionário e brilhante empresário, ex-professor de matemática, como um insaciável predador sexual de menores.
– Busca de cúmplices –
Barr reiterou nesta segunda o que já tinha afirmado ao procurador federal de Manhattan no sábado: “a investigação continuará contra qualquer um que tiver sido cúmplice de Epstein.
Ghislaine Maxwell, 57 anos, filha do falecido magnata da mídia britânica Robert Maxwell, amiga muito próxima de Epstein, é agora a suspeita número um, embora tenha negado qualquer envolvimento
Algumas supostas vítimas do investidor o acusam de recrutar ativamente adolescentes para satisfazer o apetite sexual aparentemente insaciável da sua amiga, bem como de ter participado nos abusos.
Em relação a essa denúncia, vários meios de comunicação informaram que o FBI implantou vários agentes em Little St. James, uma ilha particular que Epstein possuía no Caribe, onde tinha uma mansão e era conhecida como “ilha da pedofilia” pelos jovens que, supostamente, o magnata mandou para lá.
Em uma ação civil movida contra ela e Epstein em 2015, Virginia Giuffre (36), uma dessas supostas vítimas, afirma que Maxwell a manteve na década de 2000 como uma “escrava sexual”.
Epstein viajava regularmente para a França, onde tinha pelo menos uma propriedade, e estava voltando do país europeu em um avião particular quando foi preso no início de julho.
Os ministros franceses Marlene Schiappa (Igualdade entre Mulheres e Homens) e Adrien Taquet (Proteção de Menores) pediram nesta segunda-feira a abertura de uma investigação sobre o caso na França.