EUA perseguem petroleiro perto da costa da Venezuela

EUA perseguem petroleiro perto da costa da Venezuela

"PetroleiroTerceira abordagem em menos de uma semana eleva ainda mais pressão sobre regime de Nicolás Maduro. Navio navegaria com bandeira falsa e está sob ordem de apreensão judicial. Caracas anuncia envio de petróleo para os EUA.A Guarda Costeira dos Estados Unidosestava neste domingo (21/12) "perseguindo ativamente um navio sancionado" envolvido no alegado "contorno ilegal das sanções pelo regime venezuelano", segundo funcionários do governo americano citados por diversas agências de notícias. O navio navegaria com bandeira falsa e estaria sob ordem de apreensão judicial.

De acordo com o jornal The New York Times, as forças dos EUA se aproximaram do Bella 1 no sábado à noite, após obterem mandado de um juiz federal, mas o petroleiro não acatou a ordem e continuou a navegação. O portal TankerTrackers indicou que o navio seguia rumo à Venezuela e não transportava carga.

Segundo o jornal, o navio estaria sujeito às sanções dos EUA desde o ano passado por transportar petróleo iraniano, sendo este o embasamento da ordem judicial.

Esta é a terceira operação americana no Caribe em duas semanas. No sábado, os EUA apreenderam o petroleiro Centuries, com bandeira do Panamá, que, segundo a Casa Branca, fazia parte da "frota fantasma" usada para "traficar petróleo roubado e financiar o regime narcoterrorista de Maduro". A primeira interceptação ocorreu a 10 de dezembro, com a apreensão do navio Skipper.

Envio de petróleo aos EUA

Caracas anunciou neste domingo o envio de petróleo venezuelano para os Estados Unidos através da Chevron.

A vice-presidente executiva e ministra dos Hidrocarbonetos da Venezuela, Delcy Rodríguez, informou no seu canal na plataforma Telegram que o navio Canopus Voyager partiu "com petróleo venezuelano rumo aos Estados Unidos", em "rigoroso cumprimento das normas" e dos compromissos da indústria petrolífera nacional.

Apesar das sanções impostas, a Chevron opera no país em associação com a estatal venezuelana PDVSA graças a uma licença especial emitida pelo Departamento do Tesouro dos EUA.

Bloqueio naval

Neste domingo, o presidente Nicolás Maduro disse nas redes sociais que "a Venezuela há 25 semanas denuncia, enfrenta e derrota uma campanha de agressão" que inclui "terrorismo psicológico" e "corsários que assaltam petroleiros", sem citar nominalmente os Estados Unidos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na semana passada um "bloqueio total e completo" a todos os petroleiros sujeitos a sanções que entram e saem da Venezuela, o que eleva a pressão sobre o regime de Maduro.

"Os Estados Unidos continuarão a perseguir o movimento ilícito de petróleo embargado que é usado para financiar o narcoterrorismo na região. Nós vamos encontrar e parar vocês", disse no sábado a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, ao anunciar a apreensão do Centuries.

Desde a primeira apreensão, as exportações de petróleo bruto venezuelano caíram drasticamente. Algumas empresas, principalmente a Chevron, dos EUA, transportam petróleo venezuelano em seus próprios navios autorizados.

A ascendente ofensiva de Trump contra a Venezuela nas últimas semanas inclui ainda a mobilização militar no Mar do Caribe, onde os Estados Unidos atacam embarcações sob a justificativa de interromper uma rota de contrabando de drogas para o seu território.

Brasil pede calma

O governo brasileiro vêm se propondo como ambos os países para "evitar um conflito armado na América Latina". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já conversou por telefone tanto com Trump quanto com Maduro.

Na cúpula do Mercosul realizada em Foz do Iguaçu neste fim de semana, ele advertiu que uma possível intervenção armada na Venezuela pelos Estados Unidos resultaria numa "catástrofe humanitária" e criaria um "precedente perigoso para o mundo".

"Quatro décadas depois da Guerra das Malvinas, o continente volta a ser ameaçado pela presença militar de uma potência", afirmou o presidente em referência ao cerco aeronaval estabelecido pelos Estados Unidos diante da costa venezuelana.

Já Trump não descartou a possibilidade de uma guerra com a Venezuela na sexta-feira. O líder da Casa Branca recusou-se, por outro lado, a comentar se o objetivo das operações militares americanas é a deposição de Maduro, com o qual conversou em novembro.

Impacto sobre o mercado

A China é a maior compradora do petróleo venezuelano, que representa cerca de 4% de suas importações. Os embarques em dezembro estão a caminho de atingir uma média de mais de 600 mil barris por dia, segundo analistas.

Por enquanto, o mercado de petróleo está bem abastecido e há milhões de barris de petróleo em navios-tanque na costa da China aguardando para serem descarregados.

Se o embargo permanecer em vigor, a perda de quase 1 milhão de barris por dia de fornecimento de petróleo bruto provavelmente elevará os preços do petróleo.

Estima-se que a Venezuela tenha reservas de petróleo de cerca de 303 bilhões de barris, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mais do que qualquer outra nação.

as/ht/md (Reuters, AP, Efe, AFP, ots)