Os Estados Unidos pediram, nesta quarta-feira (3), sanções internacionais contra os haitianos responsáveis pelo mergulho do país no caos, enquanto as Nações Unidas alertam sobre um panorama ainda sombrio, apesar da chegada de policiais do Quênia ao território haitiano.

Durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU, a embaixadora americana Linda Thomas-Greenfield afirmou que o mundo deve “promover a prestação de contas pelas atrocidades cometidas no passado”, mesmo com a esperança de melhoria após o tão aguardado início da missão liderada pelo Quênia e chancelada pela ONU.

“Este Conselho deve considerar a imposição de sanções às pessoas e entidades responsáveis ou cúmplices de ações que ameacem a paz e a segurança no Haiti”, disse a embaixadora.

Os Estados Unidos têm sido uma das principais fontes de entrada de armas ilícitas no país mais pobre do hemisfério ocidental, onde nos últimos anos gangues armadas têm tomado controle de partes do território.

Thomas-Greenfield afirmou que a administração do presidente Joe Biden está abordando o problema, inclusive com um sistema de rastreamento de tráfico de armas e verificação de antecedentes nos Estados Unidos.

“Instamos os demais Estados membros a se unirem a nós e tomarem medidas para fortalecer os mecanismos de aplicação da lei”, declarou a embaixadora.

A China, que apoiou os esforços da ONU, mas demonstrou desconforto com o reconhecimento de Taiwan pelo Haiti, culpou os Estados Unidos pelo fluxo de armas.

“A China pede a aplicação efetiva do embargo de armas do Conselho ao Haiti. Instamos os Estados Unidos a reforçarem seu controle sobre armas e munições”, declarou o embaixador chinês Fu Cong.

Ao se dirigir ao Conselho de Segurança, María Isabel Salvador, representante especial do secretário-geral para o Haiti, alertou que a violência indiscriminada das gangues continua se espalhando para além da capital, Porto Príncipe.

Cerca de 578.000 pessoas estão deslocadas internamente, um aumento de 60% desde março, e apenas 20% dos centros de saúde operam normalmente.

“Violações e abusos dos direitos humanos têm persistido em níveis alarmantemente altos”, disse ela.

No entanto, Salvador afirmou que a nomeação de um novo diretor geral da polícia nacional “traz novas esperanças” e elogiou a formação de um governo de transição liderado pelo primeiro-ministro Garry Conille.

Conille, que teve uma longa carreira nas Nações Unidas, disse à AFP na terça-feira, durante uma visita a Washington, que um segundo contingente da força liderada pelo Quênia chegará ao Haiti nas próximas semanas.

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