Os Estados Unidos pediram nesta quinta-feira que as principais economias façam mais para apoiar o crescimento global, observando sua disposição de estar no centro da ajuda internacional para superar a crise da covid-19.

“Peço às grandes economias não apenas a evitar retirar o apoio muito cedo, mas também a contribuir com quantias significativas de nova ajuda fiscal para garantir uma forte recuperação”, disse a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em comunicado ao FMI.

O Fundo Monetário Internacional apresentou esta semana, no âmbito de suas reuniões de primavera com o Banco Mundial, uma perspectiva econômica mais otimista para 2021 e 2022, graças à robusta recuperação econômica nos Estados Unidos.

A maior economia do mundo adotou um novo pacote de estímulo fiscal de US$ 1,9 trilhão no final de março. E o governo Joe Biden agora está buscando que o Congresso aprove um vasto plano de investimento em infraestrutura de mais de US$ 2 trilhões em oito anos nos próximos meses.

O FMI celebrou o fato de que quase 16 trilhões de dólares investidos por vários governos evitaram um dano maior à economia, que enfrentou na crise a pior recessão já registrada em tempos de paz.

Mas a recuperação é desigual entre os países, e atrasos na vacinação contra a covid ameaçam aumentar a lacuna entre ricos e pobres. Os países emergentes ficam para trás, assim como as economias latino-americanas e até mesmo a Europa.

– Vacinar o mundo –

Yellen foi enfática sobre a urgência de acabar com a pandemia da covid-19.

“A prioridade mais importante é acabar com a crise de saúde, que é um pré-requisito para uma forte recuperação econômica”, disse em seu comunicado ao Comitê Monetário e Financeiro Internacional do FMI (CMFI), órgão de formulação de políticas do organismo multilateral.

A secretária do Tesouro destacou “avanços substanciais” na imunização nos Estados Unidos, com uma média de mais de três milhões de injeções diárias. E prometeu trabalhar para encontrar “soluções globais” para ajudar a vacinar o resto do mundo.

O governo Biden já destinou US$4 bilhões à Covax, mecanismo promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para garantir o acesso global equitativo às vacinas anticovid.

“Os Estados Unidos continuarão a trabalhar com seus parceiros para aumentar o fornecimento de vacinas, explorar a troca de vacinas excedentes e garantir que o financiamento não se torne um obstáculo à vacinação global”, prometeu Yellen.

– Mais reservas para o FMI –

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, aderiu ao apelo dos Estados Unidos, o maior contribuinte entre os 190 membros do Fundo, enfatizando a necessidade de “uma cooperação internacional mais sólida”

Apoio contínuo é necessário para “mitigar e curar as cicatrizes econômicas”, disse Georgieva em entrevista coletiva após a reunião do CMFI por videoconferência.

“Queremos ter certeza de que todos tenham uma chance justa de ter uma vida melhor”, disse.

Georgieva saudou o apoio do IMFC ao aumento dos Direitos Especiais de Saque (SDR) do FMI, o ativo de reserva internacional criado em 1969 contra o qual os membros podem pedir empréstimos para complementar suas próprias reservas, em cerca de US$ 650 bilhões.

“Isso proporcionará um aumento substancial de liquidez para todos os nossos membros, especialmente os mais vulneráveis”, disse o chefe do FMI.

– “Oportunidade” para o desenvolvimento sustentável –

O secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría, que participou da reunião do CMFI como observador, também pediu em sua declaração que se evite uma “retirada prematura e abrupta do apoio fiscal”.

E ressaltou que os esforços financeiros desenvolvidos no mundo são uma “oportunidade para acelerar a transição para uma economia menos emissora de carbono e limitar a ameaça representada pela mudança climática”.

Georgieva também saudou a disposição demonstrada esta semana para enfrentar os problemas decorrentes do aquecimento global, que têm impacto na “estabilidade macroeconômica e financeira”.

Assegurou que, junto com o Banco Mundial, o FMI está trabalhando para encontrar soluções que ajudem os países mais pobres a se voltarem para o desenvolvimento sustentável.

Ambas as instituições estão avaliando a associação do alívio da dívida com investimentos para enfrentar as mudanças climáticas e reduzir as emissões poluentes na atmosfera.