Os Estados Unidos aspiram alcançar uma “verdadeira parceria” com a África e não estão tentando “superar” outras potências mundiais com influência no continente, disse o secretário de Estado americano, Antony Blinken, nesta segunda-feira (8), em seu segundo dia da viagem pela região.

O chefe da diplomacia norte-americana destacou a nova estratégia de seu país na primeira etapa do giro por três países do continente.

Depois de chegar no dia anterior à África do Sul, Blinken também visitará a República Democrática do Congo e Ruanda até quinta-feira.

Esta visita tem como intuito tentar aproximar a diplomacia sul-africana do campo ocidental e impedir a influência russa no continente, segundo vários especialistas.

A viagem acontece logo após a visita à África, no final de julho, do chanceler russo, Sergey Lavrov, que esteve no Congo, Uganda, Egito e Etiópia.

“Nosso compromisso com a África é uma verdadeira parceria, não se trata de superar ninguém”, afirmou Blinken em entrevista coletiva ao lado de seu colega sul-africano, Naledi Pandor.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“Não queremos um relacionamento transacional desequilibrado”, acrescentou Blinken.

Nesta segunda-feira, Blinken disse que Washington não vê a região como “o último campo de jogo na competição de grandes potências”.

“Basicamente, não é assim que vemos. Não é assim que vamos avançar nosso compromisso aqui”, insistiu.

A África do Sul manteve uma posição neutra desde o início da guerra na Ucrânia, recusando-se a aderir às condenações ocidentais à Rússia.

A África do Sul faz parte do grupo Brics de economias emergentes, junto com Brasil, Rússia, Índia e China.

Em junho, o presidente russo, Vladimir Putin, exortou os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a cooperar diante das “ações egoístas” do Ocidente.

Pandor disse que ninguém na África do Sul apoia a guerra e descreveu a Rússia como um “parceiro econômico insignificante”. Também parabenizou os EUA por não pedirem que a África do Sul tomasse partido no conflito.

No entanto, Pandor acrescentou que há “uma sensação de intimidação condescendente” de outros parceiros na Europa “e de outros países”.

“Deveríamos nos sentir tão envolvidos com o que está acontecendo com outros povos, como os palestinos, quanto com o que está acontecendo com as pessoas na Ucrânia”, disse ele, referindo-se à situação em Gaza.

– Nova política para a África –

Blinken delineou sua visão estratégica para o continente à tarde, durante um discurso na Universidade de Pretória focado em quatro prioridades: promover a “abertura”, a democracia, o desenvolvimento econômico e o combate ao aquecimento global.


O chefe da diplomacia americana afirmou que seu país deve trabalhar com as nações africanas como parceiros “iguais” nessas questões.

“Muitas vezes as nações africanas têm sido tratadas como instrumentos para o progresso de outras nações”, lembrou.

Blinken também afirmou que os Estados Unidos “não vão ditar as opções da África, ou de ninguém”.

“O direito de fazer essas escolhas pertence aos africanos, e somente a eles”, concluiu.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias