Os Estados Unidos estariam em uma posição forte em caso de guerra contra o Irã, motivo pelo qual um eventual conflito “não iria durar muito” tempo – declarou o presidente Donald Trump à rede Fox Business News, nesta quarta-feira (26).
Ao ser perguntado sobre o tema, o presidente americano disse esperar que não haja guerra.
“Mas estamos em uma posição muito forte, se uma coisa dessas chegar a acontecer. Estamos em uma posição muito forte e posso dizer que não ia durar muito. E não estou falando de tropas no terreno”, garantiu.
Na atual crise com a República Islâmica, que se agravou depois de o Irã derrubar um drone de vigilância dos EUA na semana passada, Trump se mostrou tanto duro quanto conciliador.
Disse que todas as opções estão sobre a mesa e ameaçou adotar novas sanções, mas, ao mesmo tempo, ofereceu a possibilidade de diálogo a Teerã para renegociar o acordo nuclear multilateral. Washington abandonou este pacto no ano passado.
Essa saída é vista como a gênese da deterioração das relações entre os dois países no último ano.
Em meio à escalada de tensão, o presidente iraniano, Hassan Rohani, disse nesta quarta-feira (26) que Irã “não busca a guerra com país algum”, nem mesmo com os Estados Unidos.
“O Irã não tem interesse em aumentar a tensão na região e não busca a guerra com país algum, incluindo os Estados Unidos”, declarou Rohani, em conversa por telefone com o presidente francês, Emmanuel Macron, segundo a agência oficial de notícias iraniana Irna.
A conversa aconteceu em um momento de elevada tensão entre Washington e Teerã, menos de uma semana depois do Irã ter derrubado um drone americano e em meio aos temores sobre o futuro do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, ameaçado desde a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018.
Sobre a questão, Rohani expressou a decepção dos iranianos com o que Teerã considera a inação dos países europeus.
Rohani insistiu que “a adesão do Irã (ao acordo sobre o programa nuclear concluído em 2015) estava condicionada às promessas europeias de assegurar os interesses econômicos do país, nenhuma delas concretizada”.
As palavras, no entanto, contrastam com o teor muito severo de uma nota publicada pelo almirante Ali Shamjani, secretário-geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional, ligado aos conservadores, publicada na terça-feira pela agência Fars.
No documento, o oficial afirma que não há nada a esperar dos europeus e que o Irã aplicará de forma “resoluta” a segunda fase do “plano de redução” dos compromissos na área nuclear, a partir de 7 de julho.
Isto significa que o Irã voltará a enriquecer urânio a um nível proibido pelo acordo de 2015 de Viena e reativará o projeto de água pesada em Arak (centro), atualmente suspenso.
As palavras de Rohani, porém, dão a entender que ainda existe margem para salvar o acordo e reverter as decisões.
Pelo acordo de Viena, o Irã se comprometeu a não produzir armamento atômico e a limitar drasticamente seu programa nuclear, em troca da suspensão parcial das sanções internacionais que asfixiavam sua economia.
As sanções extraterritoriais que o governo dos Estados Unidos voltou a impor a partir de agosto 2018 ao Irã levaram os principais clientes da República Islâmica a desistir de comprar o petróleo do país.
As medidas também isolam o Irã do sistema financeiro internacional, privando o país dos benefícios econômicos que esperava obter com o acordo de 2015.
Como reação, o Irã anunciou no mês passado que deixaria de cumprir alguns limites impostos pelo acordo de Viena.
Teerã também fez um ultimato, até 7 de julho, aos demais países que assinaram o acordo (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia) para que ajudem o país a evitar as sanções dos Estados Unidos. Se isto não acontecer, o Irã deve passar à segunda fase do “plano de redução” de compromissos.
A conversa de Rohani com Macron aconteceu antes da reunião prevista entre o presidente francês e o americano Donald Trump durante o encontro do G20, que acontecerá na sexta-feira e sábado no Japão.
Além da guerra comercial entre China e Estados Unidos, o G20 deve abordar a situação do Irã, cenário de uma das principais crises internacionais da atualidade.
A China, que enfrenta os Estados Unidos em uma batalha econômica e tecnológica, é um dos principais importadores de petróleo iraniano e aliada de Teerã ante Washington.