Estados Unidos, Japão e Filipinas expressaram sua “séria preocupação” com a atitude de Pequim no Mar do Sul da China, em uma declaração conjunta de seus líderes após uma cúpula trilateral inédita realizada nesta quinta-feira (11) na Casa Branca.

“Expressamos nossa séria preocupação com o comportamento perigoso e agressivo da República Popular da China no Mar do Sul da China”, disseram os três líderes sobre uma disputa territorial que está se tornando cada vez mais tensa.

Em uma clara advertência a Pequim, o presidente Joe Biden se comprometeu a defender as Filipinas em caso de “ataque” no Mar do Sul da China.

“Qualquer ataque contra aeronaves, navios ou forças armadas filipinas no Mar do Sul da China” acionaria a aplicação do “tratado de defesa mútua”, disse Biden.

O encontro de Biden com seu contraparte filipino, Ferdinand Marcos Jr., e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, ocorreu em meio a repetidos confrontos entre navios chineses e filipinos, o que tem levado ao temor de um conflito.

A China reivindica quase toda a extensão do Mar do Sul da China, ignorando as reivindicações de várias nações do sudeste asiático, incluindo as Filipinas.

“O compromisso dos Estados Unidos com a segurança do Japão e das Filipinas é inabalável”, afirmou o presidente democrata de 81 anos.

Ele estabeleceu como objetivo uma região da Ásia-Pacífico “livre, aberta, próspera e segura”, uma expressão usada por Washington para contrastar com o que considera planos perigosos e agressivos da China na região.

Pequim já reagiu duramente ao anúncio de quarta-feira de uma maior cooperação militar entre Estados Unidos e Japão.

“Estados Unidos e Japão, desafiando as sérias preocupações da China, difamaram e atacaram a China em relação a Taiwan e aos temas marítimos”, declarou Mao Ning, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, em entrevista coletiva.

O presidente americano se reuniu ontem com Fumio Kishida durante visita de Estado, prelúdio desta reunião trilateral com Ferdinand “Bongbong” Marcos Jr., filho e homônimo do ex-ditador das Filipinas, que chegou ao poder em junho de 2022.

– Atol Second Thomas –

Por sua vez, o chefe de Estado filipino classificou a reunião de “histórica”.

“A reunião de hoje nos oferece a oportunidade de definir o futuro que queremos e os meios para consegui-lo juntos”, acrescentou Bongbong Marcos em uma breve declaração na presença de jornalistas.

As ações militares da China “representam um desafio sem precedentes, e o maior desafio estratégico não só para a paz e a segurança do Japão, mas para a paz e a segurança de toda a comunidade internacional”, afirmou anteriormente o primeiro-ministro japonês perante o Congresso americano em Washington.

Nos últimos meses, as tensões entre China e Filipinas atingiram níveis nunca vistos em anos. Ambos os países têm feito valer, cada vez mais, suas reivindicações territoriais.

No mês passado ocorreram dois choques entre navios chineses e filipinos perto do atol Second Thomas, denominado Ren’ai por Pequim, no Mar do Sul da China.

Nesse contexto, Biden anunciou que Estados Unidos, Filipinas e Japão “vão aprofundar seus laços em matéria de segurança marítima”.

Também prometeu uma cooperação econômica e tecnológica mais estreita, em particular para desenvolver grandes projetos de infraestrutura nas Filipinas.

As tensões, unidas aos rumores sobre as reivindicações chinesas relativas à ilha autônoma de Taiwan, levaram Biden a promover alianças na região da Ásia-Pacífico para contrapor as ambições estratégicas da China.

Nesse sentido, Biden foi o anfitrião de outra cúpula trilateral sem precedentes, em 2023, com os líderes de Japão e Coreia do Sul em sua residência de Camp David.

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