Os Estados Unidos iniciaram nesta sexta-feira a aplicação de tarifas sobre produtos da União Europeia (UE), totalizando 7,5 bilhões de dólares, incluindo aviões da Airbus, vinhos franceses e uísque escocês.

As tarifas entraram em vigor à 00H001 de Washington (01H01 Brasília) e foram impostas apesar dos esforços de funcionários europeus e das ameaças de represálias do ministro francês da Economia, Bruno Le Maire.

Na mira de Washington estão aviões civis da Grã-Bretanha, França, Alemanha e Espanha – países associados na Airbus – que agora custarão 10% a mais quando importados pelos Estados Unidos.

Mas as tarifas também afetam produtos como os vinhos da França, Espanha e Alemanha, que mais à frente terão que pagar tarifas de 25% para entrar no mercado americano.

Horas após o início da taxação, o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, se reuniu com o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e informou que Washington “abriu a porta” para negociações.

Le Maire revelou aos jornalistas, à margem da reunião anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que as negociações deverão ocorrer “o mais cedo possível”.

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“Mas não queremos negociar com uma arma na cabeça. Porque se você tem uma arma na cabeça só lhe resta a opção de retaliar”, disse Le Maire.

Horas antes, o ministro francês havia declarado que a Europa estava “pronta para adotar represálias, obviamente que no âmbito da OMC”.

“Estas decisões poderiam ter consequências negativas, tanto do ponto de vista econômico como político”, advertiu.

Também ressaltou que o governo americano abriu outra frente de confronto comercial além da China, e pediu uma negociação para encontrar uma solução.

“No momento em que o mundo cresce menos, nossa responsabilidade é fazer o possível para evitar este tipo de conflito”, disse Le Maire.

Os europeus pedem há algum tempo uma negociação e afirmaram que podem aplicar a partir do próximo ano tarifas sobre os aviões da Boeing, em consequência dos subsídios concedidos por Washington à empresa.

Funcionários da UE, no entanto, já haviam oferecido em julho uma trégua nos subsídios à aviação, uma prática a qual tanto Washington quanto Bruxelas recorreram. Os subsídios geraram um conflito entre as partes que durou 15 anos.

As tarifas entraram em vigor poucos dias depois de Washington receber formalmente a autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Na quarta-feira, Trump afirmou que os europeus não jogam limpo no comércio com os Estados Unidos, mas indicou que estava aberto a discutir um acordo.

O maior temor de Bruxelas é que Trump adote pesadas tarifas alfandegárias às importações de carros europeus a partir de novembro.

Isto seria um golpe fatal, especialmente para o setor automotivo alemão, mesmo quando empresas como Volkswagen e BMW também fabricam veículos nos Estados Unidos.



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