EUA homenageia Dick Cheney com Donald Trump fora da lista de convidados

EUA homenageia Dick Cheney com Donald Trump fora da lista de convidados

Dick Cheney, considerado um grande estrategista republicano, mas cuja carreira foi marcada pelos capítulos mais obscuros da “Guerra contra o Terrorismo” dos Estados Unidos, foi homenageado nesta quinta-feira (20) em um funeral que deixou de fora o presidente Donald Trump.

A trajetória de Cheney ao longo de mais de meio século é um catálogo da diplomacia americana, mesmo que sua longa marca sobre a política externa — como secretário de Defesa durante a Guerra do Golfo e como 46º vice-presidente durante o mandato de George W. Bush — continue dividindo o país.

Bush e o ex-presidente Joe Biden estiveram entre os mais de mil convidados reunidos na Catedral Nacional de Washington, mas Trump, que não comentou a morte de Cheney, no começo do mês, não foi convidado.

“Colegas de todas as fases de sua carreira dirão que ele elevou o nível daqueles que o rodeavam apenas sendo quem era, tão centrado e capaz”, disse Bush aos convidados. “Durante nossos anos de serviço juntos, tanto nos momentos tranquilos, quanto nos mais difíceis, ele foi tudo o que um presidente deveria esperar de seu vice.”

Todos os ex-vice-presidentes vivos — Kamala Harris, Mike Pence, Al Gore e Dan Quayle — compareceram à cerimônia, juntamente com generais, dignitários estrangeiros e juízes da Suprema Corte.

Cheney é descrito por historiadores como “o vice-presidente mais poderoso da história moderna dos Estados Unidos”. Sua filha Liz, famosa por ter sido expulsa do Partido Republicano no Congresso por sua oposição a Trump, descreveu como se conectou com o pai nos últimos anos assistindo a eventos esportivos e filmes antigos, e fazendo viagens de carro: “Dirigimos durante horas. Conversamos sobre a vida, a história da família e os Estados Unidos.”

– O lado obscuro de um legado –

O legado de Cheney também tem um lado obscuro: a expansão do Poder Executivo, a guerra contra o terrorismo, a invasão ao Iraque e o agora infame debate sobre o uso de tortura pelos Estados Unidos. Para seus críticos, ele deixou cicatrizes profundas, tanto no país quanto no exterior.

Cheney foi um firme defensor da invasão ao Iraque em 2003. Sua afirmação de que “não há dúvida de que Saddam Hussein possui agora armas de destruição em massa” marcou sua trajetória.

Esse conservador ferrenho também criticou a guinada populista dentro do Partido Republicano, e se tornou um detrator de Trump, que considerava “uma ameaça à república”.

A ausência do presidente americano no funeral reflete as divisões ideológicas no país nos últimos anos de Cheney. Trump não se pronunciou sobre sua morte, embora a secretária de imprensa, Karoline Leavitt, tivesse declarado que ele estava ciente do falecimento.