O presidente americano, Donald Trump, considerou este domingo ter recebido uma “exoneración total” depois que a investigação do procurador especial Robert Mueller destacou a ausência de elementos probatórios de conluio entre sua equipe de campanha e a Rússia durante as eleições de 2016 nos Estados Unidos.

Estas conclusões, divulgadas pelo procurador-geral Bill Barr, constituem uma vitória para o presidente, que repetiu durante meses que não houve “conluio” com a Rússia.

“É uma vergonha que nosso país tenha passado por isso. Para ser honesto, é uma pena que seu presidente tenha passado por isso”, disse ele a jornalistas na Flórida antes de embarcar em seu avião para retornar à Casa Branca. Foi “uma (tentativa de) destituição ilegal que fracassou”, acrescentou.

“As investigações do promotor especial não determinaram que a equipe de campanha de Trump ou qualquer um associado a ele tenha conspirado ou coordenado com a Rússia em seus esforços para influenciar a eleição presidencial de 2016”, disse Barr em uma comunicação de quatro páginas.

Em outro dos tópicos centrais da investigação, sobre se havia obstrução da justiça por parte de Trump, Mueller não chegou a uma conclusão definitiva.

“Este relatório não conclui que o presidente tenha cometido um crime, mas também não o inocenta”, disse Barr, citando o relatório de Mueller.

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Mas Barr, o primeiro destinatário deste documento esperado há muito tempo, enfatizou que o relatório, que ele examinou desde sexta-feira, não menciona nenhum crime que possa levar, segundo seu ponto de vista, a processos judiciais baseados em uma obstrução da justiça.

– 675 dias de investigação –

O discreto e metódico Mueller entregou suas conclusões na sexta-feira após uma investigação de 675 dias que abalou os EUA, em um caso que alguns não hesitaram em comparar com o Watergate, que levou Richard Nixon à renúncia em agosto de 1974.

O ex-diretor do FBI esteve na Igreja Episcopal Saint Johns no domingo de manhã, bem em frente à Casa Branca. Ele sorriu brevemente para os fotógrafos e retirou-se sem dizer uma palavra.

Preparando o terreno para a ausência de revelações, alguns legisladores democratas neste domingo insistiram em ressaltar os limites da investigação.

“O procurador especial estava investigando em um marco restrito. (…) O que o Congresso deve fazer é ter uma visão geral”, disse à CNN Jerry Nadler, presidente democrata do Comitê de Assuntos Judiciais da Câmara, onde a oposição é agora maioria.

Alguns dos aliados de Trump reivindicaram a vitória, mesmo antes de o relatório ser divulgado, estimando que o fato de Mueller não ter recomendado novas acusações no final de suas investigações provaria que não houve “conluio” com Moscou.

Essa acusação não foi apresentada contra nenhuma das 34 pessoas acusadas no caso, incluindo seis associados próximos de Trump.

A investigação levou à perda de prestígio do ex-gerente de campanha do presidente Paul Manafort e de seu ex-advogado Michael Cohen, condenado à prisão por malversação e falso testemunho.

“Até agora, o relatório Mueller era a referência absoluta, seria a salvação dos democratas e a destruição do presidente Trump”, disse o senador republicano Ted Cruz, que por alguns meses se tornou um grande defensor do presidente.

“Hoje você já vê os democratas mudarem seus discursos e dizerem ‘temos que fazer novas investigações'”, disse ele na CNN. “As provas não lhes interessam. O que eles dizem é que vão destituir o presidente por ser Donald Trump”.


Os líderes democratas do Congresso exigiram neste domingo a publicação do relatório “completo”, considerando que o Secretário de Justiça que emitiu um resumo não é de “um observador neutro”.

“A carta do procurador-geral Bill (Barr) levanta tantas perguntas quanto responde”, escreveu a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer.

“É urgente que o relatório completo e os documentos associados sejam tornados públicos”, acrescentaram.

Para Pette Buttigiegg, jovem prefeito da cidade de South Bend (Indiana) e candidato presidencial democrata, o documento discutido é importante, mas seu campo não deve perder de vista a data das eleições de novembro de 2020.

“Para mim, a maneira mais clara de acabar com o trumpismo é ganhar decisivamente nas urnas”, apontou.


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