O governo dos Estados Unidos exigiu nesta quinta-feira (19) que dois diplomatas cubanos credenciados na ONU deixem o país “imediatamente”, após acusá-los de participação em “atividades prejudiciais aos interesses nacionais” e de abusar dos privilégios de sua residência.

“O Departamento de Estado notificou o Ministério das Relações Exteriores de Cuba que os Estados Unidos exigem a partida iminente de dois membros da Missão Permanente de Cuba na ONU por abusar dos privilégios de sua residência”, destaca um comunicado da diplomacia americana.

A porta-voz do departamento de Estado Morgan Ortagus escreveu num tuíte, que depois foi apagado, que os diplomatas participaram em “atividades prejudiciais aos interesses nacionais dos Estados Unidos”.

O Departamento de Estado também pediu que o restante dos diplomatas da missão cubana permaneçam na ilha de Manhattan, em Nova York, onde está localizada a sede da ONU.

A missão permanente de Cuba na ONU conta com 16 funcionários.

“Vamos continuar investigando qualquer outro funcionário que esteja manipulando os privilégios de sua residência”, acrescentou o Departamento de Estado no comunicado.

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– “Expulsão injustificada” –

Cuba criticou a medida adotada por Washington em relação a seus representantes creditados na ONU.

“Rejeito categoricamente a injustificada expulsão de 2 funcionários da Missão Permanente de Cuba na ONU e o endurecimento das restrições de movimento para os diplomatas e famílias”, escreveu no Twitter o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez.

“É uma calúnia vulgar a acusação de que eles executaram atos incompatíveis com o status diplomático”, acrescentou Rodriguez, referindo-se aos argumentos apresentados por Washington para expulsar diplomatas cubanos, cujos nomes não foram divulgados.

Os Estados Unidos e Cuba tiveram uma histórica aproximação entre 2014 e 2016, quando foram restabelecidas as relações diplomáticas – rompidas após a revolução em 1959 – durante o governo do presidente americano Barack Obama.

Mas com a chegada de Donald Trump à Casa Branca em 2017, os laços voltaram a ser desfeitos.

No centro da deterioração das relações está o apoio cubano ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, que os Estados Unidos buscam derrubar com uma bateria de sanções que afetaram a economia da ilha.

Entre as sanções americanas impostas este ano contra Cuba estão a proibição de viagens de navios de cruzeiro, a limitação de remessas familiares e a ativação do título III da Lei Helm-Burton, que permite a abertura de processos nos tribunais americanos contra empresas estrangeiras que administrem bens que foram nacionalizados pela revolução cubana.

– Vistos para diplomatas –

Como a sede da ONU está em Nova York, os Estados Unidos tem a obrigação de conceder vistos para os Estados membros para permitir que seus delegados participem das reuniões ou que representem seus países de forma permanente.

Mas, em algumas ocasiões, as autoridades americanas usam uma margem de manobra para restringir o movimento de funcionários de países que sejam adversários de Washington, como Coreia do Norte, Venezuela e Irã.


Em julho, os Estados Unidos deram ao chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, um visto de entrada para participar de uma reunião da ONU que limitava sua circulação a um perímetro em torno da sede da organização internacional, localizada na região leste de Manhattan.

“Levamos muito a sério todas as tentativas contra a segurança nacional dos Estados Unidos”, disse Ortagus.

Este anúncio ocorre em um momento em que a ONU se prepara para realizar sua 74ª Assembleia Geral em Nova York.


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