Os Estados Unidos, que recebem nesta quarta-feira o líder palestino, Mahmud Abbas, desempenharam um papel de mediador no conflito israelense-palestino, enquanto continuam sendo o principal aliado de Israel.

– Sócios na Guerra Fria –

No dia 14 de maio de 1948, o Estado de Israel foi fundado, após o fim do mandato britânico na Palestina. O governo de Harry s. Truman o reconheceu minutos depois de sua proclamação.

No entanto, tanto Truman quanto Dwight D. Eisenhower pensaram que laços muito estreitos com Israel poderiam prejudicar as relações com o mundo árabe.

Assim, Washington criticou a campanha de Israel contra o Egito em 1956, lançada em coordenação com a França e a Grã-Bretanha, e conhecida como a crise de Suez.

Mas, com a Guerra Fria, as relações entre Israel e os Estados Unidos tomaram um novo rumo, tornando-se uma rocha sólida na década de 60.

Durante a guerra árabe-israelense de junho de 1967, Israel ocupou o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã.

A Guerra dos Seis Dias foi um ponto de viragem para os Estados Unidos, que se tornaram o maior apoio de Israel.

Em outubro de 1967, Lyndon B. Johnson ordenou entregas em grande escala de armas para Israel.

– Diálogo com a OLP sob Reagan –

Em 14 de dezembro de 1988, o líder palestino, Yasser Arafat, aceitou três condições estabelecidas por Ronald Reagan para o diálogo.

Arafat reconheceu o direito de Israel de existir, aceitou a Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU sobre a retirada de Israel dos territórios ocupados em 1967 e renunciou ao terrorismo.

Em 16 de dezembro daquele ano ocorreu o primeiro contato oficial: uma delegação palestina se reuniu na Tunísia com o embaixador americano.

George Bush pai estabeleceu canais de comunicação direta entre Israel e os países árabes, um processo que culminou com a primeira Conferência Internacional sobre o Oriente Médio em 1991, em Madri.

– Aperto de mãos em Washington –

No dia 13 de setembro de 1993, após seis meses de negociações secretas em Oslo, Israel e a OLP se reconheceram mutuamente e assinaram em Washington uma declaração de princípios sobre a autonomia palestina transitória de cinco anos. O primeiro-ministro, Yitzhak Rabin, e Arafat apertaram as mãos em uma saudação histórica.

No dia 4 de maio de 1994 foi assinado o acordo sobre a autonomia de Gaza e Jericó (Cisjordânia) alcançado no Cairo. Israel evacuou 70% da Faixa de Gaza e Jericó.

Em 28 de setembro de 1995 ocorreu em Washington um acordo (Oslo II) sobre a extensão da autonomia na Cisjordânia, prevendo uma série de retiradas israelenses.

Em julho de 2000, na cúpula de Camp David (EUA), palestinos e israelenses ficaram bloqueados principalmente no problema de Jerusalém e dos refugiados de 1948. Dois meses depois, explodiu a segunda Intifada, o levante palestino.

Em janeiro de 2001 tiveram início negociações em Taba (Egito) com base em um plano de Bill Clinton. Um mês mais tarde, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak, foi derrotado nas eleições pelo líder da direita Ariel Sharon.

Em 2002, George W. Bush colocou sobre a mesa a solução de dois Estados, vivendo pacificamente um ao lado do outro, mas sem Arafat.

– Tensões e ajuda com Obama –

Depois de tomar posse, em 2009, as relações entre Barack Obama e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu viveram sob pressão.

No dia 2 de setembro de 2010 em Washington, as negociações diretas foram retomadas, mas foram interrompidas depois que Israel retomou a colonização nos territórios ocupados no dia 26 daquele mês.

Em 7 de dezembro de 2010, Washington se recusou a fazer do congelamento da colonização uma condição para negociações diretas. Os palestinos continuaram exigindo uma suspensão total da colonização.

Em 19 de maio de 2011, Obama se pronunciou em favor de um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967, mas Netanyahu descartou uma “retirada às fronteiras de 1967”.

No dia 17 de abril de 2012, Abbas convocou Israel a retomar as negociações com base nas fronteiras de 1967, com “mudanças de territórios menores e mutuamente acordados” e o congelamento da colonização, em uma carta a Netanyahu que não teve consequências.

Os esforços realizados pelo secretário de Estado, John Kerry, entre 2013 e 2014 para relançar o processo de paz fracassaram.

No entanto, em setembro de 2016, Estados Unidos e Israel assinaram um acordo no valor de 38 bilhões de dólares em assistência militar por um período de 10 anos, o mais generoso na história dos Estados Unidos.

Em dezembro, pela primeira vez desde 1979, Washington não vetou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenava a construção de assentamentos israelenses.

– Laço inquebrável com Trump –

No dia 15 de fevereiro de 2017, Donald Trump deu boas-vindas calorosas a Netanyahu na Casa Branca e elogiou o vínculo bilateral “inquebrável”.

Além disso, voltou atrás na solução de dois Estados, dizendo que apoiaria um único Estado se isso levasse à paz.

No dia 1º de maio, o movimento islamita palestino Hamas aceitou a ideia de um Estado palestino nos territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias de 1967.

Nesta quarta-feira, Trump recebe Abbas na Casa Branca.