Os Estados Unidos “estão pressionando os países europeus a desistirem da ideia de utilizar ativos russos para apoiar a Ucrânia”, disse à AFP uma autoridade ucraniana nesta quarta-feira (17), na véspera de uma cúpula europeia que discutirá o assunto.
“Já há sete países que não apoiam publicamente essa ideia”, afirmou o alto funcionário.
Ele também disse que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, viajará na quinta-feira a Bruxelas para tentar convencer seus parceiros a recorrerem a esses ativos congelados após o início da invasão russa em 2022.
Um funcionário americano, que pediu para ter a identidade preservada, disse na quarta-feira à AFP que são os europeus que estão pedindo “discretamente” a Washington para intervir nesse assunto, pois “não querem dizer publicamente que são contra” o uso desses recursos.
“Temem como isso pode prejudicar, no longo prazo, os investimentos em seu sistema e a credibilidade de suas instituições”, acrescentou.
Cerca de 210 bilhões de euros (R$ 1,3 trilhão) do Banco Central russo estão bloqueados na União Europeia (UE).
A primeira versão do plano do presidente americano Donald Trump para pôr fim ao conflito na Ucrânia, divulgada no fim de novembro, propunha repartir parte desses ativos entre os Estados Unidos e a Rússia para diferentes projetos.
Desde então, o plano foi modificado várias vezes, mas essa posição inicial mostra que os Estados Unidos parecem querer utilizar esses vultosos ativos como moeda de troca para chegar a um acordo, o que levanta a possibilidade de Moscou poder recuperar uma parte dessa quantia.
“Os ucranianos e os russos afirmaram claramente suas posições sobre os ativos congelados e nosso único papel é o de facilitar um trânsito que possa resultar em um acordo”, disse a porta-voz adjunta da Casa Branca, Anna Kelly.
Os chefes de Estado e de governo da União Europeia se reunirão na quinta e na sexta-feira em Bruxelas para decidir, entre outros temas, quais meios usar para financiar a Ucrânia nos próximos dois anos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, promove um plano que prevê utilizar os ativos russos congelados para conceder a Kiev um empréstimo de 90 bilhões de euros (aproximadamente R$ 582 bilhões) nos próximos dois anos.
A iniciativa enfrenta firme oposição da Bélgica, que abriga a maior parte desses fundos. O país teme represálias por parte da Rússia ou um eventual processo judicial.
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