O secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o negociador da Ucrânia, Andrii Yermak, comemoraram neste domingo (23) um progresso nas conversas em Genebra sobre o plano de Donald Trump para encerrar a guerra com a Rússia.
As delegações da Ucrânia e dos Estados Unidos estão reunidas na representação americana em Genebra. Rubio disse que se trata da “reunião mais produtiva e significativa até agora em todo este processo”, mas ressaltou que “ainda há trabalho a fazer”. Já Yermak afirmou que houve um bom progresso, mas não deu detalhes.
As negociações giram em torno de um plano americano de 28 pontos cujo objetivo é encerrar o conflito provocado pela invasão russa iniciada em 2022.
O presidente americano, Donald Trump, havia inicialmente dado até 27 de novembro para seu colega ucraniano responder à proposta, mas indicou ontem que esse plano não era sua “última oferta” para resolver o conflito.
A versão inicial do documento provocou a oposição de Kiev e de seus aliados europeus, que viajaram neste domingo a Genebra para evitar uma paz com aparência de capitulação.
– Zelensky agradecido –
Acolhido com satisfação pelo presidente russo, Vladimir Putin, o plano retoma várias exigências de Moscou, como que a Ucrânia ceda território, aceite reduzir o tamanho de seu Exército e desista de ingressar na OTAN.
A Rússia também veria o fim de seu isolamento em relação ao Ocidente com sua reintegração ao G8 e o levantamento gradual das sanções.
Zelensky declarou sentir-se “pessoalmente” agradecido a Donald Trump, depois de o líder americano acusar a Ucrânia de mostrar “zero gratidão” por seus esforços para pôr fim à guerra.
“Os líderes ucranianos expressaram zero gratidão pelos nossos esforços, e a Europa continua comprando petróleo da Rússia”, publicou Trump na rede Truth Social.
– Papel da UE –
Em Genebra, as delegações americana, ucraniana e de países europeus multiplicaram neste domingo as reuniões. Os europeus tentam não ficar à margem das negociações.
O presidente francês, Emmanuel Macron, em viagem à África, conversou por telefone com seu homólogo ucraniano, enquanto o chefe do governo alemão, Friedrich Merz, declarou-se “cético” sobre as chances de alcançar um acordo antes de 27 de novembro.
“A tarefa agora consiste em transformar o plano (…) em um documento viável”, afirmou Merz, durante reunião de cúpula do G20 em Joanesburgo. Ele disse ter apresentado uma proposta, atualmente em discussão em Genebra, que poderia permitir “dar ao menos um primeiro passo na quinta-feira”.
O presidente finlandês, Alexander Stubb, disse à AFP que telefonou neste domingo para o colega americano, juntamente com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, para discutir o plano.
Na cúpula do G20, Giorgia disse que não era necessário apresentar uma “contraproposta completa” ao plano americano. A primeira-ministra apontou que as discussões estavam em “uma fase muito delicada”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu por sua vez que a União Europeia tenha um papel “central” em qualquer plano de paz para a Ucrânia.
Reunidos na cúpula do G20, 11 países, principalmente europeus, consideraram no sábado, em uma declaração, que o plano americano “exigirá trabalho adicional”, temendo que deixe a Ucrânia “vulnerável a futuros ataques”.
Está marcada para esta segunda-feira uma reunião sobre a Ucrânia entre os líderes dos países da UE, e o presidente francês anunciou para terça-feira uma videoconferência dos países que apoiam a Ucrânia.
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