01/09/2019 - 8:31
Estados Unidos e os talibãs estão próximos de um acordo para encerrar os 18 anos de conflito no Afeganistão, afirmou neste domingo o principal negociador de Washington, ao final de uma nova rodada de discussões.
As duas partes se reuniram em Doha para a nona rodada de negociações, em busca de um acordo com o qual os talibãs darão garantias de segurança em troca de uma expressiva retirada dos 13.000 soldados americanos no Afeganistão.
“Estamos às portas de um acordo que reduzirá a violência e abrirá o caminho para que os afegãos sentem juntos e negociem uma paz honrosa e sustentável”, tuitou o enviado especial dos Estados Unidos para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad.
Khalilzad viajará a Cabul neste domingo para “consultas”, após oito dias de negociações com os talibãs.
O negociador americano não informou se tem um texto pronto para apresentar às autoridades afegãs. Diversas fontes deram a entender nos últimos dias que uma viagem a Cabul poderia ser o sinal de um resultado positivo.
Mas o anúncio de um acordo só aconteceria depois de uma comunicação ao governo afegão e aos principais aliados, e com a autorização do presidente americano Donald Trump.
“Apesar das especulações, ainda não temos nenhum anúncio a fazer”, declarou à AFP uma fonte do Departamento de Estado americano em Washington após os tuites de Khalilzad.
O porta-voz talibã nas negociações de Doha, Suhail Shaheen, afirmou no sábado que o acordo “está perto de ser finalizado”, mas não revelou os detalhes que ainda precisam ser definidos.
Washington enviou tropas ao Afeganistão depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington, executados pela rede terrorista Al-Qaeda, que recebia proteção do regime talibã.
Washington pretende encerrar sua participação militar, algo que negocia desde pelo menos 2018 com os talibãs.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, declarou que seu país desejava concluir um acordo até 1 de setembro. O Afeganistão terá eleições gerais ainda este mês.
O ponto chave é a retirada de mais de 13.000 soldados americanos do Afeganistão. Esta é a principal reivindicação dos talibãs, que em troca apenas se comprometem a que os territórios sob seu controle não sejam utilizados por grupos “terroristas”.
Na quinta-feira, Donald Trump indicou que os Estados Unidos devem manter 8.600 soldados no Afeganistão quando entrar em vigor o acordo de paz.
Quase 2.400 soldados americanos morreram no país e quase 20.000 ficaram feridos desde 2001.
O texto do acordo deve formalizar um cessar-fogo ou, no mínimo, uma “redução da violência”.