EUA e Rússia começam reuniões sobre segurança e Ucrânia

GENEBRA, 10 JAN (ANSA) – As conversas entre representantes dos Estados Unidos e da Rússia iniciaram nesta segunda-feira (10) em Genebra, na Suíça, em encontros que tentarão apaziguar as tensões entre os dois lados, especialmente, no que tange questões de segurança e a crise na Ucrânia.   

A reunião desta segunda-feira ocorreu entre a vice-secretária de Estado, Wendy Sherman, e o vice-ministro das Relações Exteriores de Moscou, Sergei Riabkov, e suas respectivas delegações.   

Após o encontro, Riabkov voltou a afirmar que seu país “não tem nenhuma intenção de atacar a Ucrânia”.   

“Nós voltamos a explicar aos nossos colegas que não temos esses planos e não há nenhuma razão para ter medo de qualquer escalada [de violência] nesse sentido”, disse ao fim da reunião, ressaltando que os norte-americanos levaram “as nossas propostas muito a sério” e que a nação “está disposta a continuar o diálogo”.   

Já Washington afirmou que também pretende “continuar com as conversas”, mas que “qualquer agressão” contra a Ucrânia terá “muitos custos” para a Rússia. Uma das fontes que esteve no encontro afirmou ainda que os russos não quiseram dar prazos para retirar suas tropas da área de fronteira, alegando ser uma questão de segurança interna.   

Os norte-americanos ainda destacaram que a “política de portas abertas” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “vai continuar”.   

A fala refere-se a um dos principais pontos apresentados pela Rússia em seu “tratado de paz”, de que a Otan não deveria aceitar a adesão de nenhum novo país-membro que fique na região, especialmente, de ex-repúblicas soviéticas.   

“Todos devemos perceber que os pedidos de Moscou não são posições negociáveis. A Rússia não quer nada além de impor a sua agenda e cada discussão sobre a segurança europeia deve começar com a retirada das tropas russas do território ucraniano”, afirmou em coletiva a vice-primeira-ministra para a Integração Europeia e Euro-Atlântica da Ucrânia, Olga Stefanishyna, ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.   

A representante ainda ressaltou que Moscou continua a mandar tropas e equipamentos militares para a área fronteiriça, mesmo com os alertas da comunidade internacional.   

Ainda durante essa semana, estão previstas novas reuniões entre EUA-Rússia, mas também com a Otan e órgãos de segurança da União Europeia.   

Europeus – Mesmo não participando do encontro dessa segunda-feira, alguns políticos europeus se manifestaram sobre o tema. Os ministros das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, e da Alemanha, Annalena Baerbock, falaram sobre o tema após uma reunião bilateral.   

“A única via é o diálogo, mas uma violação da soberania por parte da Rússia teria consequências graves”, afirmou a alemã.   

Já Di Maio, citou recentes eventos no Afeganistão e nos Balcãs e ressaltou que “é preciso reforçar a nossa política externa e de segurança europeias para proteger nossos valores comuns e nossos interesses de segurança”.   

O alto representante para a Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que “o encontro de hoje entre Rússia e os Estados Unidos em Genebra é o primeiro passo para a segurança da Europa e não é estranho que a Europa não esteja presente, dado que esse é um encontro bilateral”.   

“Mas, as propostas da Rússia colocam um desafio para a União Europeia, dado que Moscou deliberadamente excluiu a UE desse processo de negociação. Dito isso, Antony Blinken [secretário de Estado dos EUA] me garantiu que a UE e os países-membros não serão excluídos das negociações com os russos. Se esse é o primeiro passo, não me importa que não estejamos em Genebra”, disse Borrell à BBC. (ANSA).