As agências espaciais americana e chinesa estão dialogando e se coordenando para explorar a Lua, confirmou nesta sexta-feira a Nasa, que deve operar em um âmbito legal muito rigoroso imposto pelo Congresso, receoso da transferência de tecnologia para a China.

O responsável pelas atividades científicas da Nasa, Thomas Zurbuchen, tuitou nesta sexta-feira que a agência americana tinha “conversado com a China” para realizar observações por satélite do pouso da sonda chinesa Chang’e 4 no lado oculto da Lua em 3 de janeiro.

Na segunda-feira, o diretor-adjunto do programa chinês de exploração lunar, Wu Yanhua, afirmou em um coletiva de imprensa que a China tinha dado à Nasa a latitude, a longitude e o horário previsto do pouso da sonda, para que pudesse observar este acontecimento histórico com seu satélite Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO).

A Nasa, por sua vez, proporcionou a órbita prevista do LRO. Por fim, o satélite não pode estar no lugar adequado no momento exato.

A agência americana informou em um comunicado que estava interessada em observar a nuvem de poeira provocada pelo impacto do pouso com um instrumento montado no satélite.

“Por diferentes razões, a Nasa não foi capaz de ajustar a órbita do LRO para que estivesse em uma posição ótima para observar o pouso, mas a Nasa ainda está interessada na possibilidade de detectar a nuvem muito tempo depois do pouso”, indicou a agência.

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Este tipo de observações são úteis para futuras missões americanas, já que Washington quer voltar a enviar sondas e, em última instância, astronautas à Lua. A Nasa tem planos, inclusive, de montar uma estação na órbita lunar até 2026.

O satélite americano fotografará a sonda Chang’e 4 em 31 de janeiro, anunciou a Nasa, quando passar por cima dela, como já fez com a Chang’e 3 em 2013.

“A Nasa e a CNSA (agência espacial chinesa) acordaram que qualquer descoberta significativa que resultar desta coordenação deve se tornar pública para a comunidade científica mundial” em uma conferência do comitê da ONU para o uso pacífico do espaço extra-atmosférico que será realizada em Viena de 11 a 22 de fevereiro.

A legislação americana proíbe, desde 2011, qualquer cooperação espacial com a China que implique “uma transferência de tecnologia, dados ou qualquer informação que tenha implicações na economia ou na segurança nacional”.

A Nasa indicou que a cooperação foi realizada de acordo com “as diretrizes do governo e do Congresso” e foi “transparente, recíproca e benéfica mutuamente”.

A cooperação, no entanto, poderia ir mais longe, revelou o ideólogo principal do programa lunar chinês, Wu Weiren, que garantiu que os Estados Unidos pediu “há alguns anos” que a China estendesse de três a cinco anos a operação do satélite Queqiao, lançado em maio de 2018, que permite aos aparelhos que estão no lado oculto da Lua se comunicarem com a Terra.

Para qualquer cooperação mais ambiciosa, como a base internacional planejada pela China a longo prazo, “as restrições americanas serão uma barreira muito mais difícil de superar”, advertiu à AFP Henry Hertzfeld, diretor do Space Policy Institute da Universidade George Washington.

O Congresso americano tem toda a liberdade de modificar os poucos parágrafos desta lei, aprovada como represália a uma série de ciberataques atribuídos a China.


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