Por Andrea Shalal e Marek Strzelecki

WASHINGTON (Reuters) – Os Estados Unidos e aliados ocidentais estão avaliando se a Rússia pode ou não permanecer no G20, que reúne as principais economias do planeta, após a invasão da Ucrânia, segundo fontes envolvidas nas discussões disseram à Reuters nesta terça-feira.

A probabilidade de que qualquer iniciativa para excluir a Rússia possa ser vetada por outros países do grupo –que inclui China, Índia, Arábia Saudita entre outros– trouxe a perspectiva de que alguns países poderão se ausentar das reuniões do G20 neste ano, afirmaram as fontes.

O G20, ao lado do mais seleto G7 –que reúne apenas Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Canadá, Japão e Reino Unido– é um grupo internacional importante para a coordenação de tudo, desde ações contra as mudanças climáticas até dívidas internacionais.

A Rússia enfrenta uma ofensiva de sanções internacionais liderada por nações ocidentais, que buscam isolar o país da economia global, inclusive notavelmente retirando-a do sistema de transferências bancárias globais Swift e restringindo negociações de seu banco central.

“Há discussões sobre se é apropriado que a Rússia faça parte do G20”, disse uma fonte sênior do G7. “Se a Rússia continuar como membro, o grupo se tornará uma organização menos útil.”

Uma fonte da União Europeia confirmou separadamente as discussões sobre o status da Rússia nas próximas reuniões do G20, cuja presidência rotativa está atualmente com a Indonésia.

“Está bem claro para a Indonésia que a presença da Rússia nas próximas reuniões ministeriais será altamente problemática para os países europeus”, disse a fonte, acrescentando que não há, entretanto, um processo claro para a exclusão de um país.

O G7 foi expandido para um novo formato “G8”, que incluía a Rússia, durante um período de laços mais próximos no início dos anos 2000. Mas a Rússia foi suspensa de maneira indefinida do grupo após a anexação da Crimeia em 2014.

Mais cedo na terça-feira, a Polônia disse que sugeriu a autoridades comerciais dos EUA a substituição da Rússia no G20, e que a sugestão havia recebido uma “resposta positiva”.

A fonte do G7 disse que é considerado improvável que a Indonésia, que atualmente dirige o G20, ou membros como Índia, Brasil, África do Sul e China, aceitem a remoção da Rússia da entidade.

Se os países do G7, ao invés disso, forem se abster das reuniões do G20 neste ano, isso pode ser um sinal poderoso à Índia, afirmou a fonte. O país atraiu a ira de alguns governos ocidentais ao não condenar a invasão russa e não apoiar as medidas ocidentais contra o presidente russo, Vladimir Putin.

O status da Rússia em outras agências multilaterais também está sendo questionado.

Em Genebra, autoridades da Organização Mundial do Comércio (OMC) disseram que várias delegações estão recusando reuniões com os equivalentes russos em diversos formatos.

(Reportagem de Marek Strzelecki em Varsóvia; Jarrett Renshaw em Washington; Jan Strupczewski em Bruxelas; Emma Farge em Genebra)

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