O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, nesta terça-feira (12), que não houve “abusos significativos de direitos humanos” em 2024 em El Salvador.
Em um relatório anual sobre os direitos humanos adaptado pelo governo para alinhá-lo às prioridades da política externa de Trump, Washington se mostra indulgente com El Salvador.
O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, é um grande aliado de Trump em sua luta contra a imigração ilegal, especialmente desde que aceitou encarcerar imigrantes deportados pelos Estados Unidos em troca de dinheiro.
“Não houve relatos confiáveis de abusos significativos dos direitos humanos” no país, afirma o Departamento de Estado.
“Os relatos de violência de gangues permaneceram em um mínimo histórico sob o estado de exceção” graças às “prisões em massa”, acrescenta.
Segundo Washington, o governo salvadorenho tomou medidas “para identificar e punir os funcionários que cometeram abusos dos direitos humanos”.
Esse panorama apologético contrasta com as denúncias das ONGs e dos imigrantes detidos no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) de El Salvador, para onde Trump expulsou, em março, mais de 250 venezuelanos acusados de pertencerem à gangue Tren de Aragua, antes de serem libertados como parte de uma troca.
Uma vez em liberdade, vários desses imigrantes relataram à AFP terem vivido um inferno com espancamentos constantes, comida estragada e celas punitivas diminutas.
Além disso, em um relatório de julho de 2024, a Human Rights Watch documentou violações dos direitos humanos contra crianças em El Salvador.
Outra ONG, a Socorro Jurídico Humanitário, denunciou à Corte Penal Internacional (CPI) casos de tortura, desaparecimento de pessoas e mortes de presos neste país sob o regime de exceção invocado por Bukele como parte de sua “guerra” contra as gangues.
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