Os esforços para prolongar uma “pausa” nos combates entre Israel e o Hamas em Gaza falharam em parte porque o movimento islamista palestino não queria que as mulheres reféns revelassem o que sofreram, afirmou nesta segunda-feira (4) um alto funcionário americano.

Israel interrompeu sua ofensiva em Gaza como parte de um acordo negociado por Catar e Estados Unidos, que previa a libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro.

Na sexta-feira, as autoridades israelenses anunciaram a retomada da ofensiva militar porque o Hamas não havia liberado todas as reféns.

“Parece que uma das razões pelas quais eles não querem entregar as mulheres que têm como reféns e a razão pela qual essa pausa falhou é que eles não querem que essas mulheres possam falar sobre o que passaram durante o tempo sob detenção”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, aos jornalistas.

Ele não quis dar detalhes, alegando que o assunto é delicado, mas afirmou que os Estados Unidos “não têm motivo para duvidar” das informações de violência sexual atribuídas ao Hamas.

“Há muito poucas coisas que eu acredito que o Hamas não seja capaz no que diz respeito ao tratamento de civis e, em particular, das mulheres”, declarou Miller.

A polícia israelense afirma estar investigando supostos atos de violência sexual durante o ataque de 7 de outubro, quando membros do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, segundo as autoridades israelenses. Isso inclui estupros coletivos e mutilações de cadáveres.

Os investigadores israelenses coletaram “mais de 1.500 depoimentos”, indicou uma agente na semana passada ao Parlamento israelense. São mencionadas “jovens nuas acima e abaixo da cintura” e denunciados o estupro em grupo, a mutilação e o assassinato de uma jovem.

O Hamas rejeita as acusações de violência sexual, qualificando-as como “mentiras”.

sct/dw/erl/mel/ic/am