A detenção de opositores na Venezuela representa uma “alarmante escalada da repressão” e “mina a possibilidade de eleições competitivas”, afirmou, nesta sexta-feira (22), um porta-voz do Departamento de Estado americano.

“A decisão de [o presidente Nicolás] Maduro e seus representantes de deter dois membros da campanha da principal candidata da oposição e emitir ordens para outros sete representa uma alarmante escalada da repressão”, denunciou Matthew Miller em um comunicado.

“Estas ações, juntamente com a detenção de muitos outros membros da oposição e da sociedade civil este ano, assim como a contínua desqualificação de candidatos, minam a possibilidade de eleições competitivas”, acrescentou.

As autoridades venezuelanas detiveram vários colaboradores da líder opositora María Corina Machado, favorita nas pesquisas, mas inabilitada por 15 anos a ocupar cargos públicos.

Machado, a quem vincularam com planos de “ações desestabilizadoras”, denuncia uma “brutal repressão” contra sua equipe, em um momento em que a oposição examina como poderia representá-la nas presidenciais de 28 de julho.

Miller pede “o fim da campanha de assédio dirigida aos venezuelanos que participam de atividades políticas pacíficas”.

O governo do presidente americano, Joe Biden, solicita há meses que Maduro, candidato à reeleição, garanta a realização de eleições livres e justas no país.

Segundo Washington, “para garantir uma eleição democrática que atenda às expectativas do povo venezuelano, Maduro e seus representantes devem cumprir os compromissos que assumiram em Barbados” com a oposição, destacou Matthew Miller no comunicado.

Ele se referiu a um acordo alcançado em outubro, no qual Washington suspendeu parcialmente algumas sanções impostas ao setor petroleiro e gasífero venezuelano que ameaça voltar a impor em abril se não vir mudanças.

Por último, o Departamento de Estado pede a libertação “imediata” de todos os presos políticos e a volta do escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), suspenso em fevereiro, ao qual Maduro acusou “de espionagem” e “conspiração”.

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