As conversas entre os Estados Unidos e o Irã sobre o programa nuclear não podem ser retomadas, exceto se Washington descartar lançar novos bombardeios, declarou o vice-ministro das Relações Exteriores iraniano à rede BBC.
Majid Tajt-Ravanchi afirmou no domingo à emissora britânica que os Estados Unidos indicaram sua disposição de voltar à mesa de negociações, uma semana após lançar um bombardeio contra as instalações nucleares iranianas em 21 de junho.
“Não há nenhuma data acordada, não concordamos com um formato”, disse Tajt-Ravanchi.
“Neste momento, buscamos uma resposta para a questão de saber se veremos um novo ato de agressão enquanto estivermos em um diálogo”, declarou.
Para o alto funcionário iraniano, os Estados Unidos não esclareceram sua posição.
Os dois países estavam em negociações sobre o programa nuclear iraniano quando Israel lançou, em 13 de junho, uma campanha de bombardeios contra instalações nucleares e infraestruturas militares no Irã, uma ofensiva na qual os Estados Unidos participaram em um ataque contra as instalações nucleares de Fordo, Natanz e Isfahan.
O Irã foi informado de que os Estados Unidos não queriam uma “mudança de regime” e, portanto, um ataque contra o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
O vice-ministro reiterou a posição do Irã de que deve conservar sua capacidade de enriquecer urânio.
Israel afirma que o programa nuclear iraniano estava muito próximo de desenvolver uma arma nuclear, apesar de Teerã defender que seu programa tem fins civis.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu na sexta-feira que voltará a bombardear o Irã se o país enriquecer urânio a níveis que lhe permitam fabricar armas nucleares.
Segundo a agência de supervisão nuclear da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã é o único Estado sem armas nucleares que enriquece urânio a um nível alto (60%), muito acima do limite de 3,67% estabelecido no acordo internacional de 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em 2018, durante o primeiro mandato de Trump.
Para fabricar uma bomba atômica, é necessário um nível de enriquecimento de 90%, segundo a AIEA.
“Pode-se debater qual nível, pode-se debater a capacidade, mas dizer que não se deve enriquecer, que deve haver enriquecimento zero, e que, se não houver acordo, haverá bombardeios, isso é a lei da selva”, afirmou o diplomata.
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