As autoridades dos Estados Unidos anunciaram, nesta quarta-feira (18), a detenção do proprietário da plataforma de criptomoedas Bitzlato, com sede em Hong Kong, acusado de lavar 700 milhões de dólares procedentes de atividades criminosas.

Anatoli Legkodimov, cidadão russo de 40 anos residente na China, foi detido ontem à noite em Miami (Flórida) como parte de uma operação internacional.

Ele comparecerá diante de um juiz federal nesta quarta para enfrentar acusações de “atividade de envio de dinheiro não autorizada”.

“Hoje, o Departamento de Justiça desfere um golpe significativo no ecossistema do criptocrime” e “responde à crise de confiança no mercado de criptomoedas”, disse a subsecretária Lisa Monaco em entrevista coletiva.

“Esteja você infringindo a lei na China ou na Europa, ou operando em nosso sistema financeiro de uma ilha nos trópicos, pode esperar que terá de responder por seus atos diante de um tribunal americano”, acrescentou, em referência à prisão, nas Bahamas, do antigo CEO da corretora FTX, Sam Bankman-Fried.

Neste novo caso, a Justiça americana acusa Legkodimov por ter adotado uma política de “identificação mínima” para seus clientes, alardeando que não pedia “nem ‘selfie’ nem passaporte”.

Como resultado, Bitzlato se transformou em “um paraíso para os fundos criminosos”, segundo o Departamento de Justiça.

A empresa é acusada de ter realizado a maioria de suas transações com a Hydra Market, a principal plataforma de vendas da “darknet” global, até o seu desmantelamento em abril, durante uma operação conjunta de autoridades alemãs e americanas.

Operando em idioma russo desde 2015, a Hydra Market vendeu drogas e documentos falsos, mascarando as identidades dos envolvidos por meio de criptografia digital.

Segundo o Departamento de Justiça, os usuários da Hydra negociaram mais de US$ 700 milhões em criptomoedas por meio da Bitzlato.

De acordo com a denúncia, Legkodimov sabia que seus clientes se escondiam sob identidades falsas para realizar atividades ilegais. Em uma mensagem interna, admitiu que eram “ladrões”.