Um funcionário americano reconheceu nesta quarta-feira (16) que o fechamento da agência de ajuda externa Usaid, ordenado pelo presidente Donald Trump, resultou no desperdício de quase 500 toneladas de alimentos de emergência destinados a crianças desnutridas.
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, cortou mais de 80% da assistência externa dos Estados Unidos sob o argumento de que ela não atende aos interesses fundamentais do país. O que restou da Usaid está agora sob supervisão do Departamento de Estado.
Autoridades afirmaram que os EUA planejam incinerar os alimento, biscoitos energéticos destinados a crianças pequenas desnutridas no Afeganistão e no Paquistão, após a validade expirar em julho, em um armazém localizado em Dubai.
A revista The Atlantic informou na segunda-feira que os EUA compraram os biscoitos quase no fim do mandato do ex-presidente democrata Joe Biden, por cerca de 800 mil dólares (aproximadamente 4,4 milhões de reais), e que os contribuintes americanos gastarão outros 30 mil dólares (cerca de R$ 167 mil) para destruir os alimentos.
Questionado por parlamentares, Michael Rigas, subsecretário de Estado para gestão, atribuiu o episódio ao desmonte da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), que teve suas portas fechadas em 1º de julho.
“Acredito que isso foi simplesmente uma consequência do fechamento da Usaid”, afirmou Rigas. Ele disse estar “entristecido” com o desperdício da comida.
O senador democrata Tim Kaine afirmou que diversos congressistas alertaram Rubio sobre o assunto em março, mas nenhuma providência foi tomada. Segundo Kaine, o governo preferiu “manter o armazém fechado, deixar a comida apodrecer e depois queimá-la”.
Rigas insistiu que os Estados Unidos continuam sendo o maior doador humanitário do mundo e prometeu investigar o caso dos biscoitos. “Quero descobrir o que aconteceu aqui e chegar à verdade”, declarou.
Rigas também supervisionou centenas de demissões no Departamento de Estado como parte da campanha drástica de cortes orçamentários promovida por Trump, inicialmente liderada pelo magnata Elon Musk.
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