Os Estados Unidos desperdiçaram milhões de dólares na tentativa de estabilizar áreas vulneráveis do Afeganistão entre 2001 e 2017, e alguns esforços causaram mais danos que benefícios, afirmou nesta quinta-feira um órgão de fiscalização.
Segundo o gabinete do Inspetor Especial para a Reconstrução do Afeganistão, Washington estabeleceu expectativas pouco realistas após a invasão americana em 2001, e superestimou sua capacidade para construir e reformar as instituições governamentais afegãs.
“Apesar de alguns esforços heroicos para estabilizar áreas inseguras e disputadas no Afeganistão entre 2002 e 2017, em sua essência o programa falhou”, afirmou em Washington John Sopko, Inspector Especial Geral.
“Isto ocorreu por numerosas razões, incluindo o estabelecimento de uma série de expectativas pouco realistas sobre o que se poderia alcançar em pouco anos”.
O relatório destaca que os militares pressionaram grupos de ajuda para construir escolas e infraestruturas em áreas que seguiam em disputa com o Talibã, o que levou ao fracasso de muitos projetos.
Ao menos 4,7 bilhões de dólares em fundos de estabilização foram gastos a partir de 2009, quando um reforço nas tropas no Afeganistão removeu os talibãs de uma grande área e uma avalanche de especialistas do Ocidente promoveu a construção de instituições nesta zona.
“Mas as grandes somas em dólares para a estabilização que os Estados Unidos entregaram ao Afeganistão em busca de avanços rápidos muitas vezes agravaram o conflito, promoveram a corrupção e reforçaram o apoio aos rebeldes”.
“Sob a imensa pressão para acelerar a estabilidade em distritos inseguros, agências do governo dos Estados Unidos gastaram muito dinheiro, demasiado rápido, em um país que lamentavelmente não está preparado para absorver isto”.