Os Estados Unidos incluíram oficialmente nesta segunda-feira o corpo militar de elite do Irã, a Guarda Revolucionária Islâmica, em sua lista de organizações terroristas estrangeiras.

É a primeira vez que uma organização “que faz parte de um governo estrangeiro” é designada dessa forma, afirmou em comunicado o presidente americano Donald Trump, afirmando que essa medida aumentará a “pressão” contra Teerã.

Trump explicou em uma declaração que a decisão, “sem precedentes, reconhece a realidade de que o Irã não apenas é um patrocinador estatal do terrorismo, como o IRGC (sigla em inglês da Guarda Revolucionária) participa ativamente, financia e promove o terrorismo como uma ferramenta política.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, por sua vez, alertou a todos os bancos e empresas sobre as consequências de negociar com a Guarda Revolucionária.

“Empresas e bancos de todo o mundo agora têm o claro dever de garantir que as empresas com as quais realizam transações financeiras não sejam conduzidas com a IRGC de maneira relevante”, disse ele aos repórteres, usando a sigla para o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica.

O Irã reagiu de imediato denunciando o “regime” americano como um “Estado que apadrinha o terrorismo”, e as forças dos EUA no Oriente Médio como “grupos terroristas”.

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O Parlamento iraniano já havia prometido adotar represálias, aprovando um projeto de lei que coloca as tropas americanas em sua própria lista negra do terrorismo, ao lado do grupo jihadista Estado Islâmico.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reagiu elogiando a decisão de Washington.

“Agradeço ao meu querido amigo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por decidir colocar a Guarda Revolucionária Iraniana na lista de organizações terroristas”, escreveu Netanyahu no Twitter.

“Obrigado por responder a outra importante demanda minha, que atende aos interesses de nossos países e dos países da região”, acrescentou.

A medida adotada por Trump, que busca enfraquecer a influência do Irã na região, acontece na véspera das eleições israelenses, nas quais Netanyahu busca um quinto mandato contra o general Benny Gantz, um novato na política.

O Irã é o principal inimigo de Israel e Netanyahu se opôs fortemente ao acordo nuclear de 2015 entre Teerã e as potências mundiais.

Em reação a esta postura, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã declarou que os Estados Unidos são “um país que patrocina o terrorismo” e que forças americanas na região são “grupos terroristas”, informou a mídia estatal.

Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias IRNA, o conselho informa que a declaração é uma resposta ao “ato ilegal e delirante ” de Washington de designar a Guarda Revolucionária do Irã como uma organização terrorista.

Antes, o Parlamento iraniano prometeu adotar medidas de represália aprovando um projeto de lei que coloca as tropas americanas em sua própria lista negra do terrorismo, que já conta com o grupo Estado Islâmico.

Uma declaração assinada por uma maioria de legisladores em apoio ao projeto afirma que qualquer ação contra a segurança nacional do Irã e suas forças armadas significava “cruzar uma linha vermelha” e que o governo americano “lamentará” sua decisão.

Além disso, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, pediu a seu país que descrevesse como “terroristas” as forças dos Estados Unidos que operam no Oriente Médio, na Ásia Central e no Chifre da África.


Zarif também escreveu uma carta ao presidente iraniano, Hassan Rohani, pedindo a ele para responder à decisão dos Estados Unidos de incluir a Guarda Revolucionária Iraniana na “lista de organizações terroristas estrangeiras” desenvolvida pelo Departamento de Estado.

A Guarda Revolucionária foi formada no Irã após a revolução de 1979 com a missão de defender o regime clerical, em contraste com as unidades militares tradicionais que protegem as fronteiras, e acumulou poder, incluindo com importantes interesses econômicos.

A Força Quds, chamada assim em árabe por Jerusalém, é a unidade mais valorizada do grupo, responsável por apoiar as forças aliadas do Irã na região, incluindo o presidente sírio, Bashar al-Assad, e o Hezbollah, do Líbano.


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