Os Estados Unidos informaram, nesta segunda-feira (26), que deixarão de financiar a pesquisa científica em instituições acadêmicas israelenses na Cisjordânia ocupada.

A decisão do governo do presidente Joe Biden reverte uma medida tomada durante o mandato de seu antecessor, o republicano Donald Trump, que questionava o consenso internacional de que Israel ocupa ilegalmente a Cisjordânia desde a Guerra dos Seis Dias de 1967.

Um novo roteiro para as agências governamentais americanas assinala que, “participar na cooperação científica e tecnológica bilateral com Israel em áreas geográficas que ficaram sob a administração de Israel depois de 1967 e que continuam sendo objeto de negociações sobre o status final, é contraditório com a política externa dos Estados Unidos”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

Segundo ele, esta restrição “reflete a posição americana de décadas”. Mas acrescentou que os Estados Unidos “valorizam muito a cooperação científica e tecnológica com Israel”.

Entre os centros que serão afetados pela medida está a Universidade Ariel, uma importante instituição acadêmica fundada em 1982.

Membros do Partido Republicano, em contrapartida, criticaram a decisão do governo Biden.

O senador Ted Cruz, conhecido por suas críticas ao atual presidente, classificou a decisão de “discriminação antissemita” contra os judeus da Cisjordânia e disse que o governo estava “patologicamente obcecado a minar Israel”.

David Friedman, embaixador de Trump em Israel e defensor da Universidade Ariel, acusou o governo Biden de seguir o movimento ativista que reivindica um boicote a Israel.

O governo, no entanto, garante que é contrário ao movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que pede a interrupção dos laços com Israel em seu conjunto.

Durante o mandato do secretário de Estado de Trump, Mike Pompeo, Washington tomou medidas para normalizar os assentamentos israelenses na Cisjordânia, inclusive permitindo que seus produtos fossem etiquetados como “Made in Israel” (fabricado em Israel).

O governo Biden retomou a posição americana de pedir uma solução de dois Estados – um israelense e outro palestino – e de criticar a expansão dos assentamentos durante o governo do premiê Benjamin Netanyahu.

Washington desistiu de negociar um acordo de paz por ora porque o considera bastante improvável com Netanyahu, que lidera o governo mais à direita da história de Israel.

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