Washington não enviará representação diplomática, mas confirma participação de seus atletas no megaevento. Decisão ocorre em razão das violações e abusos dos direitos humanos na China, como na repressão à minoria uigur.Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (06/12) um boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno 2022 em Pequim, em uma reação calculada contra as violações dos direitos humanos na China. A medida, porém, não exclui a participação dos atletas americanos no evento.

A decisão veio após meses de hesitações em Washington sobe qual posicionamento o governo americano deveria tomar em relação aos Jogos de Pequim, marcados para fevereiro do ano que vem. O país-sede é acusado pelos EUA de promover genocídio contra a minoria uigur na província de Xinjiang, no noroeste chinês.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o governo Biden não enviará nenhuma representação aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno, em razão do “genocídio em curso e crimes contra a humanidade em Xinjiang e outros abusos aos direitos humanos”.

“[O envio de] representação diplomática ou oficial dos EUA seria tratar esses Jogos com algo normal, frente aos flagrantes abusos de direitos humanos e atrocidades em Xinjang. Nós, simplesmente, não podemos fazer isso”, afirmou Psaki.

A porta-voz esclareceu que o boicote diplomático não afetará a participação dos atletas americanos. “Estaremos 100% com eles e vamos torcer de casa”.

O boicote veio após insistência da classe política em Washington, enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, vinha sendo pressionado para tomar uma posição contra as violações e abusos por parte do governo em Pequim.

Pequim ameaça “reação resoluta”

Biden, em conversa com o presidente chinês, Xi Jinping, em novembro, expressou preocupação com a supressão do movimento democrático em Hong Kong, assim como as ações chinesas no Tibete e o tratamento dado pela China à minoria uigur em Xinjiang.

Ativistas denunciam crimes contra a humanidade ocorridos nos chamados “campos de reeducação política”, onde as autoridades chinesas manteriam presos em torno de um milhão de uigures e membros de outras minorias. Os presos seriam submetidos a trabalhos forçados e doutrinação política. Há denúncias de esterilização de mulheres nesses locais.

O Ministério chinês do Exterior ameaçou tomar “contramedidas resolutas” se o boicote for, de fato, levado adiante. Um porta-voz da pasta disse que os Jogos “não devem servir de palco para maneirismos e manipulação política”.

Os Jogos Olímpicos de Inverno ocorrerão entre os dias 4 e 20 de fevereiro, seis meses após a realização dos Jogos Olímpicos de Verão em Tóquio, que foram adiados por um ano em razão da covid-19.

Assim como na capital japonesa, o evento em Pequim adotará o esquema de “bolhas” para se adequar às restrições impostas pela pandemia e evitar transmissões do coronavírus entre delegações, funcionários e atletas.

rc (AFP, Reuters)