Apesar de todo o servilismo de Jair Bolsonaro a Donald Trump, a quem o presidente brasileiro imitou até nas botas quando pisou na Casa Branca, o Brasil segue correndo sério risco de nada receber em troca dos EUA. Em março, quando esteve com Trump, o capitão foi um poço de generosidade, rebaixando o País à categoria de republiqueta. Entre as concessões que fez, destacam-se duas: liberou da obrigatoriedade de visto os americanos que quiserem ingressar no Brasil e não exigiu contrapartida; mais grave que isso, comprometeu-se a iniciar o processo de renúncia ao Tratamento Especial e Diferenciado que a Organização Mundial do Comércio dá aos países em desenvolvimento. Trump afirmou, então, que tudo faria para que o Brasil ganhasse um lugar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Até a tarde da quarta-feira 8, no entanto, o máximo que Trump dava ao Brasil era uma banana (o leitor pode perceber, assim, que não foi sem motivo que falamos acima em republiqueta). Vinte e quatro horas antes ocorrera a última reunião do Conselho de Representantes da OCDE antes da conferência geral da entidade no final desse mês, em Paris. Pioneiro do humor político brasileiro, o Barão de Itararé dizia que “de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo”. Foi o que ocorreu. Na reunião, o governo americano sequer se lembrou de tocar no assunto, e Trump fez uma declaração que não quer dizer absolutamente nada (nisso, ele e Bolsonaro são gêmeos): “os EUA apoiam a entrada do Brasil na OCDE, mas o alargamento da entidade deve vir num contexto de sua modernização”. Bravo! Bravíssimo! Ainda que o Brasil seja acolhido, a humilhação da terça-feira é irreparável. Mas estamos evoluindo com Bolsonaro nos capitaneando. Em março ele voltou de mão vazias. Agora, ganhou pelo menos uma banana de Trump.

Internacional
A greve do Uber

REUTERS/Henry Nicholls

Numa curiosa greve de empresas privadas, os motoristas do aplicativo de transporte Uber organizaram uma paralisação mundial na quarta-feira 8 – a primeira na história da empresa. O movimento acontece por causa do lucro exagerado da startup nas costas dos condutores, que em alguns casos varia entre 25% e 40% do valor de uma viagem simples. Outras reivindicações incluem o aumento de tarifas para os usuários e a informação para o motorista do destino do passageiro antes da aceitação da corrida. A data da paralisação tem a ver com uma das maiores negociatas da história da bolsa de valores, visto que a abertura de capital da Uber está marcada para essa sexta-feira 10. A empresa espera faturar em torno de US$ 10,3 bilhões com a venda de ações, elevando o valor de mercado para aproximadamente US$ 91,5 bilhões. Nesse jogo dos bilhões, motoristas ficam de fora: eles continuam encarando longas jornadas para alcançar um salário aproximado de R$ 1 mil por mês. Subir o preço da corrida, no entanto, não é a forma mais adequada de conseguir apoio da população para o movimento.

Corrupção
Justiça manda prender Temer

Divulgação

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro) decidiu, por dois votos a um, pela revogação do habeas corpus de Michel Temer, decretando assim o seu retorno à prisão. O ex-presidente declarou que a decisão é uma “surpresa desagradável” e que trata-se de uma “injustiça”. As acusações contra Temer são de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Além dele, o coronel João Baptista Lima Filho também teve o direito à liberdade suspenso.

Geração Z
Baixas expectativas na América Latina

Uma pesquisa do Grupo de Diários da América mostrou que os jovens da América Latina são muito céticos em relação à cidadania e aos governos de suas nações. Mais de 50% dos entrevistados disseram que a situação em seus países é ruim, enquanto outro terço foi ainda mais longe: classificou como “muito ruim”. Entre as razões para essa descrença apontadas pelo levantamento estão as violações de direitos humano, o abuso sexual e a negligência com o meio-ambiente, além
da corrupção, é claro. Outras informações divulgadas foram:

  • 18% dos jovens da geração Z (menores de 23 anos) se consideram bissexuais
  • Mais da metade é a favor do aborto em qualquer situação

Tragédia
Polícia indiciará marido por homicídio culposo

Jorge Sestini, viúvo da modelo Caroline Bittencourt, será indiciado por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) pela polícia civil. O delegado Vanderlei Pagiliarini afirmou “haver indícios de conduta culposa do empresário”, principalmente depois do depoimento de Lenildo de Oliveira, dono da garagem náutica em que o barco estava ancorado. Lenildo declarou à polícia que avisou o casal da possibilidade da tempestade de ventos, o que configura “negligência” de Sestini, segundo o delegado. Jorge ainda não prestou depoimento à polícia, e tem em mãos um questionário enviado pelo delegado para esclarecer a situação. Deve ser indiciado formalmente ao entregá-lo na delegacia.